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CRÍTICA DRAMA
Tom alegórico sobressai em longa a respeito do jovem Hitler
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
"Minha Luta", de Urs
Odermatt, começa sem surpresas, quase realista. Só aos
poucos o tom de farsa vai se
insinuando. Ao final, alegorias e ironias se impõem.
Baseado na peça homônima de George Tabori, retrata
Hitler antes de ele ser Hitler.
Desembarca em Viena praticamente sem dinheiro. Encaminha-se para uma espécie de abrigo, onde conhece o
judeu Schlomo Herzl, que
passa a tratá-lo como um filho, apesar de suas já perceptíveis tendências antissemitas e de seus acessos de ira.
Embora totalmente inverossímil, o enredo se baseia
em alguns fatos históricos
-o que contribui para o caráter farsesco da trama.
O Schlomo Herzl é claramente inspirado no judeu Josef Neumann, com quem Hitler conviveu no abrigo, que
chegou a emprestar-lhe dinheiro e um casaco-cena retratada no filme.
À medida que esse Hitler
ainda ambíguo vai se afastando de Schlomo e abraçando o antissemitismo, a metalinguagem ganha densidade.
O amigo músico de Schlomo
é Deus. A carteira que espiona todos é a morte.
Ironia final: o próprio artista fracassado decide-se a
tentar a política por sugestão
de seu benfeitor judeu.
MINHA LUTA
DIREÇÃO Urs Odermatt
QUANDO hoje, às 15h20, no
Cinesesc; dia 2, às 21h, no Cine
TAM
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom
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