São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

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CRÍTICA DRAMA

Tom alegórico sobressai em longa a respeito do jovem Hitler

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

"Minha Luta", de Urs Odermatt, começa sem surpresas, quase realista. Só aos poucos o tom de farsa vai se insinuando. Ao final, alegorias e ironias se impõem. Baseado na peça homônima de George Tabori, retrata Hitler antes de ele ser Hitler.
Desembarca em Viena praticamente sem dinheiro. Encaminha-se para uma espécie de abrigo, onde conhece o judeu Schlomo Herzl, que passa a tratá-lo como um filho, apesar de suas já perceptíveis tendências antissemitas e de seus acessos de ira. Embora totalmente inverossímil, o enredo se baseia em alguns fatos históricos -o que contribui para o caráter farsesco da trama.
O Schlomo Herzl é claramente inspirado no judeu Josef Neumann, com quem Hitler conviveu no abrigo, que chegou a emprestar-lhe dinheiro e um casaco-cena retratada no filme.
À medida que esse Hitler ainda ambíguo vai se afastando de Schlomo e abraçando o antissemitismo, a metalinguagem ganha densidade. O amigo músico de Schlomo é Deus. A carteira que espiona todos é a morte.
Ironia final: o próprio artista fracassado decide-se a tentar a política por sugestão de seu benfeitor judeu.

MINHA LUTA

DIREÇÃO Urs Odermatt
QUANDO hoje, às 15h20, no Cinesesc; dia 2, às 21h, no Cine TAM
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom


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