São Paulo, sexta, 30 de outubro de 1998

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Ray Coniff ainda é o rei

especial para a Folha

"Nada do que foi será do jeito que já foi um dia..." Ironicamente, foi a música de Lulu Santos que a banda Opus, segundo o locutor, "a banda revelação de Taubaté", abriu, no último domingo, o Melodia, baile do clube Homs.
Perto de 300 dançarinos arrastavam os pés numa cena que sobrevive aos cupins do tempo. O lencinho branco para enxugar a testa (ou a careca) parece indumentária fundamental.
A banda toca sucessos do passado e presente. Lulu vira bolero. "Tudo muda o tempo todo, no muuundooo..." Titãs vira bolero. E um bloco especial é dedicado a ele, o rei das pistas: Ray Coniff. Emendando uma música na outra, a banda pára para descansar. Cada um vai para a sua mesa.
"Hoje é uma noite fraca. A banda não é conhecida, e o concorrente está fazendo baile a R$ 1. A época de ouro foi dos anos 60 até o comecinho dos 80. Até saía nas colunas sociais", diz Almino Monteiro, 65, um dos donos do baile, que existe há 47 anos.
"Parece que o país está em guerra. Onde estão os homens? Olhe aquela bonequinha ali! A menina dançando sozinha!", aponta Monteiro. Muitas mulheres estão sentadas. Algumas bonecas, sozinhas.
A bonequinha em questão trabalha com vendas, chama-se Nilza Marraccini, 42, diz que é fã de bolero e dança sozinha porque é exigente. "Venho para o baile desde os 25 anos. Não danço com qualquer um. Tem que ser um bom dançarino."
Numa olhadela, percebe-se que existem bons dançarinos. Um, em especial, chama a atenção. Um jovem garotão prefulgia dançando com uma boneca bem mais velha. "É um dançarino de aluguel. Para não tomarem chá de cadeira, algumas trazem seu personal dancer", logo me avisa o garçom.
"É um mundo fascinante que poucos conhecem. Tinha uma namorada dançarina e passei a frequentar todos os bailes. Foi um ano agitado. Até tive um enfarto...", conta Anibal, 55, que perdeu a namorada, mas não perde um baile. (MRP)



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