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Ray Coniff ainda é o rei
especial para a Folha
"Nada do que foi será do jeito
que já foi um dia..." Ironicamente, foi a música de Lulu
Santos que a banda Opus, segundo o locutor, "a banda revelação de Taubaté", abriu, no
último domingo, o Melodia,
baile do clube Homs.
Perto de 300 dançarinos arrastavam os pés numa cena que
sobrevive aos cupins do tempo.
O lencinho branco para enxugar a testa (ou a careca) parece
indumentária fundamental.
A banda toca sucessos do
passado e presente. Lulu vira
bolero. "Tudo muda o tempo
todo, no muuundooo..." Titãs
vira bolero. E um bloco especial é dedicado a ele, o rei das
pistas: Ray Coniff. Emendando
uma música na outra, a banda
pára para descansar. Cada um
vai para a sua mesa.
"Hoje é uma noite fraca. A
banda não é conhecida, e o
concorrente está fazendo baile
a R$ 1. A época de ouro foi dos
anos 60 até o comecinho dos
80. Até saía nas colunas sociais", diz Almino Monteiro,
65, um dos donos do baile, que
existe há 47 anos.
"Parece que o país está em
guerra. Onde estão os homens?
Olhe aquela bonequinha ali! A
menina dançando sozinha!",
aponta Monteiro. Muitas mulheres estão sentadas. Algumas
bonecas, sozinhas.
A bonequinha em questão
trabalha com vendas, chama-se
Nilza Marraccini, 42, diz que é
fã de bolero e dança sozinha
porque é exigente. "Venho para o baile desde os 25 anos. Não
danço com qualquer um. Tem
que ser um bom dançarino."
Numa olhadela, percebe-se
que existem bons dançarinos.
Um, em especial, chama a atenção. Um jovem garotão prefulgia dançando com uma boneca
bem mais velha. "É um dançarino de aluguel. Para não tomarem chá de cadeira, algumas
trazem seu personal dancer",
logo me avisa o garçom.
"É um mundo fascinante que
poucos conhecem. Tinha uma
namorada dançarina e passei a
frequentar todos os bailes. Foi
um ano agitado. Até tive um
enfarto...", conta Anibal, 55,
que perdeu a namorada, mas
não perde um baile.
(MRP)
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