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MÚSICA
Show em Porto Alegre, anteontem, teve participação de Mark Ramone; banda passará por Curitiba, São Paulo e Rio
Pearl Jam inicia sua turnê brasileira com hits e Ramones
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
"Bem-vindos ao nosso primeiro
show neste país. Estamos muito
felizes", saudou Eddie Vedder.
Após muito tempo, os fãs do Pearl
Jam finalmente ouviram ao vivo
algumas palavras do ídolo, vocalista da banda, anteontem à noite,
na primeira apresentação do grupo no Brasil, no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre.
"Esperei 15 anos por isso. Vim
de São Paulo para ver este show",
contou Marcelo Mota, 30, gerente
de varejo, pouco antes do início
do show, encostado na grade.
Mota está de folga do trabalho para assistir não apenas à apresentação gaúcha mas a todas as outras
que a banda norte-americana fará
no país -Curitiba, hoje; São Paulo, sexta e sábado; e Rio, domingo.
Essa peregrinação atrás do grupo tem razão de ser. Um show do
Pearl Jam nunca é igual ao anterior, pois a banda está sempre
mudando o set list. Anteontem,
por exemplo, eles não tocaram a
baladona "Black", "Once", "Last
Kiss", "Hail Hail"... Em compensação, o cardápio trouxe 26 músicas, entre elas dois covers, incluindo uma emocionante "I Believe in Miracles", dos Ramones.
Primeiro, o Mudhoney. O grupo, outro remanescente do grunge de Seattle, veio ao país a convite
do próprio Pearl Jam. Em enxutos
35 minutos, a banda encaixou 10
canções, entre elas seu hit mais
conhecido, a portentosa "Touch
Me I'm Sick". Tocaram mais pesado do que rápido; menos punk,
mais heavy. Foi curto e vigoroso.
Era o Pearl Jam o motivo de tanta gente ali (12.500 pessoas; a capacidade do ginásio é de 15 mil), e
com sete discos e incontáveis hits
nas costas, a banda pôde oferecer
um longo (2h25 minutos) banquete para os fãs brasileiros que
esperaram tanto para vê-los, mas
o show demorou para engrenar.
Eles têm material farto para saciar a faminta platéia, tanto que
iniciaram com "Long Road", um
pouco conhecido "lado B" de um
single de 1995. Depois vieram
"Last Exit", "Animal" e "Do the
Evolution", canções que freqüentaram as rádios do país. Porém,
não que a banda estivesse desinteressada, mas tocavam (e Eddie
Vedder cantava) meio burocraticamente. O público era todo deles, gritava até quando Vedder coçava a cabeça, mas essa vibração
apenas ia, chegava ao palco e...
não voltava na mesma medida.
"Jeremy" e "Even Flow", sucessos do primeiro álbum do grupo,
imprimiram certa energia à noite,
e "Betterman", balada que começa delicada e vai aumentando o
andamento, cai bem em qualquer
hora, mas catarse mesmo, daquelas que se prevê de uma banda
após 15 anos de espera, só veio
após 1h20 de show, já durante o
primeiro bis.
Após "Man of the Hour" e
"Crazy Mary" (chata de doer),
Vedder surpreende: "A primeira
vez que estive no Brasil foi seis
anos atrás, com os Ramones [ele
acompanhou a banda em uma
turnê pelo país]". Aí chamou o
baterista Mark Ramone ao palco,
e dedicou a canção ao seu amigo
Johnny Ramone, guitarrista morto em setembro do ano passado. E
tocaram "I Believe in Miracles".
Essa injeção punk claramente
deu novo ânimo à banda. Muito
aplaudido, Mark Ramone deixa o
palco, e o Pearl Jam traz "Alive",
primeiro, e, pelo que se viu pelo
coro entoado pelo Gigantinho,
ainda o maior sucesso da carreira
do grupo. Agora, sim, estamos
num show quente e vibrante.
Antes de iniciar o segundo bis,
Vedder anuncia o aniversário de
Matt Cameron, o baterista do grupo, alguém leva um bolo ao palco
e o vocalista pede que a platéia
cante um "Parabéns a Você". Pedido obedecido, claro, e os músicos de divertem jogando pedaços
do bolo no público.
Ainda há tempo para "Corduroy", "Blood", uma divertida "Baba O'Riley" (do Who) e "Yellow
Ledbetter". O show acaba, as pessoas saem satisfeitas. Valeu, mas,
principalmente, pelo final.
Pearl Jam
Quando: hoje (Curitiba), sexta e sábado
(São Paulo), domingo (Rio)
Onde: pedreira Paulo Leminski (r. João
Gava, s/nš., Pilarzinho, Curitiba); estádio
do Pacaembu (pça. Charles Muller, s/nš,
Pacaembu, São Paulo, tel. 0/xx/11/6846-6000); pça da Apoteose (r. Marques de
Sapucaí, s/nš, Centro, Rio de Janeiro)
Quanto: de R$ 75 a R$ 150 (Curitiba), de R$ 60 a R$ 120 (Rio); ingressos esgotados em São Paulo
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