São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Show em Porto Alegre, anteontem, teve participação de Mark Ramone; banda passará por Curitiba, São Paulo e Rio

Pearl Jam inicia sua turnê brasileira com hits e Ramones

THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

"Bem-vindos ao nosso primeiro show neste país. Estamos muito felizes", saudou Eddie Vedder. Após muito tempo, os fãs do Pearl Jam finalmente ouviram ao vivo algumas palavras do ídolo, vocalista da banda, anteontem à noite, na primeira apresentação do grupo no Brasil, no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre.
"Esperei 15 anos por isso. Vim de São Paulo para ver este show", contou Marcelo Mota, 30, gerente de varejo, pouco antes do início do show, encostado na grade. Mota está de folga do trabalho para assistir não apenas à apresentação gaúcha mas a todas as outras que a banda norte-americana fará no país -Curitiba, hoje; São Paulo, sexta e sábado; e Rio, domingo.
Essa peregrinação atrás do grupo tem razão de ser. Um show do Pearl Jam nunca é igual ao anterior, pois a banda está sempre mudando o set list. Anteontem, por exemplo, eles não tocaram a baladona "Black", "Once", "Last Kiss", "Hail Hail"... Em compensação, o cardápio trouxe 26 músicas, entre elas dois covers, incluindo uma emocionante "I Believe in Miracles", dos Ramones.
Primeiro, o Mudhoney. O grupo, outro remanescente do grunge de Seattle, veio ao país a convite do próprio Pearl Jam. Em enxutos 35 minutos, a banda encaixou 10 canções, entre elas seu hit mais conhecido, a portentosa "Touch Me I'm Sick". Tocaram mais pesado do que rápido; menos punk, mais heavy. Foi curto e vigoroso.
Era o Pearl Jam o motivo de tanta gente ali (12.500 pessoas; a capacidade do ginásio é de 15 mil), e com sete discos e incontáveis hits nas costas, a banda pôde oferecer um longo (2h25 minutos) banquete para os fãs brasileiros que esperaram tanto para vê-los, mas o show demorou para engrenar.
Eles têm material farto para saciar a faminta platéia, tanto que iniciaram com "Long Road", um pouco conhecido "lado B" de um single de 1995. Depois vieram "Last Exit", "Animal" e "Do the Evolution", canções que freqüentaram as rádios do país. Porém, não que a banda estivesse desinteressada, mas tocavam (e Eddie Vedder cantava) meio burocraticamente. O público era todo deles, gritava até quando Vedder coçava a cabeça, mas essa vibração apenas ia, chegava ao palco e... não voltava na mesma medida.
"Jeremy" e "Even Flow", sucessos do primeiro álbum do grupo, imprimiram certa energia à noite, e "Betterman", balada que começa delicada e vai aumentando o andamento, cai bem em qualquer hora, mas catarse mesmo, daquelas que se prevê de uma banda após 15 anos de espera, só veio após 1h20 de show, já durante o primeiro bis.
Após "Man of the Hour" e "Crazy Mary" (chata de doer), Vedder surpreende: "A primeira vez que estive no Brasil foi seis anos atrás, com os Ramones [ele acompanhou a banda em uma turnê pelo país]". Aí chamou o baterista Mark Ramone ao palco, e dedicou a canção ao seu amigo Johnny Ramone, guitarrista morto em setembro do ano passado. E tocaram "I Believe in Miracles".
Essa injeção punk claramente deu novo ânimo à banda. Muito aplaudido, Mark Ramone deixa o palco, e o Pearl Jam traz "Alive", primeiro, e, pelo que se viu pelo coro entoado pelo Gigantinho, ainda o maior sucesso da carreira do grupo. Agora, sim, estamos num show quente e vibrante.
Antes de iniciar o segundo bis, Vedder anuncia o aniversário de Matt Cameron, o baterista do grupo, alguém leva um bolo ao palco e o vocalista pede que a platéia cante um "Parabéns a Você". Pedido obedecido, claro, e os músicos de divertem jogando pedaços do bolo no público.
Ainda há tempo para "Corduroy", "Blood", uma divertida "Baba O'Riley" (do Who) e "Yellow Ledbetter". O show acaba, as pessoas saem satisfeitas. Valeu, mas, principalmente, pelo final.


Pearl Jam
   
Quando: hoje (Curitiba), sexta e sábado (São Paulo), domingo (Rio)
Onde: pedreira Paulo Leminski (r. João Gava, s/nš., Pilarzinho, Curitiba); estádio do Pacaembu (pça. Charles Muller, s/nš, Pacaembu, São Paulo, tel. 0/xx/11/6846-6000); pça da Apoteose (r. Marques de Sapucaí, s/nš, Centro, Rio de Janeiro)
Quanto: de R$ 75 a R$ 150 (Curitiba), de R$ 60 a R$ 120 (Rio); ingressos esgotados em São Paulo


Texto Anterior: Quadrinhos: Tintim e suas aventuras voltam ao Brasil
Próximo Texto: Tortured Soul faz house ao vivo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.