São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

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Crítica/exposição/"Nova Arte Nova"

Mostra no Rio une quantidade e qualidade

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

"Nova Arte Nova", em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio, é uma ótima exposição porque possui muitas ótimas obras. Ao buscar "indicar a qualidade da força para algo que se desmancha no ar", como afirma Luisa Duarte no catálogo da mostra, a opção do curador Paulo Venancio Filho foi esperta: a quantidade.
A exposição reúne mais de uma centena de obras de 55 artistas, valorizando a produção de cada um, já que, em geral, cada criador está presente no local com mais de um trabalho. O único recorte específico é o período da produção das obras, realizadas nos últimos dez anos, o que faz jus ao título.
Sem separação por temas, a mostra, ao apresentar uma produção em demasia, não cai no risco de defini-la. Com a quantidade, ao contrário, aponta-se para a diversidade da produção em escala nacional, produzindo um ótimo panorama da arte contemporânea brasileira, pós-anos 80. Há ausências de artistas com intensa produção e circulação no período -como avaf, Marcelo Cidade, Lia Chaia ou Nicolás Robbio, o que dá a impressão de que a curadoria optou por destacar artistas com inserção ainda tímida nos circuitos.
É o caso, por exemplo, de Marcius Galan, com produção vigorosa, mas pouco conhecido. Em "Nova Arte Nova", ele é autor de um dos melhores trabalhos da mostra, "Isolante", uma instalação que simula, de modo absolutamente perfeito, um vidro inexistente. A ironia e o humor do trabalho, que faz com que os visitantes fiquem esperando para ver quem vai ser enganado com a obra, diz muito de outros trabalhos da mostra, como o vídeo "Fonte 193", de Cinthia Marcelle, os desenhos "Sem Fim", de Carlos Contente, ou a instalação "Porra", de Maria Lynch.
Em todas essas obras há uma relação estreita com a história da arte. Contente, por exemplo, discute o verde na pintura, enquanto Marcelle faz sua fonte, lembrando o título da obra-prima de Marcel Duchamp. No entanto, não se trata de trabalhos que podem ser compreendidos apenas por iniciados, já que o apelo visual é sempre forte e as narrativas, envolventes.
"Nova Arte Nova" aponta que a produção recente não está em crise, como apontam alguns, mas, na verdade, muito mais próxima do público do que se imagina.


NOVA ARTE NOVA
Quando: de ter. a dom., das 10h às 21h; até 4/1/2009
Onde: CCBB-Rio (r. 1º de Março, 66, tel. 0/xx/21/ 3808-2020; grátis; livre)
Avaliação: ótima



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