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Em Manhattan, galeria vira uma butique
EM NOVA YORK
Numa esquina da avenida
Madison, no bairro mais caro
de Manhattan, está escrito numa vitrine que arte pop é: popular, transitória, barata, produzida em massa, jovem, inteligente, sexy e glamourosa.
Lá dentro da Gagosian Shop,
a loja aberta há dois meses pela
galeria de arte mais poderosa
do mundo, estão exemplares
mais em conta -nas contas deles- de obras de seus artistas
mais rentáveis, como Jeff
Koons e Damien Hirst.
Serve como espécie de prenúncio do futuro das galerias
numa era de mercantilização
exacerbada das obras de arte.
Donas de casa do Upper East
Side, algumas em roupa de ginástica, param para perguntar
o preço do vaso em formato de
cachorrinho, obra de Koons,
com etiqueta de US$ 7.500. Outras perguntam se é possível
sentar em cima do monte de feno metálico do artista Anselm
Reyle, que sai por US$ 15 mil.
"Não é o propósito da loja
vender obras mais baratas",
dispara a atendente Virginia
Coleman. "A coisa mais barata
que temos é um lápis de US$
1,50 e a mais cara, uma mesa de
mármore de US$ 375 mil."
Na fotografia que acompanha esta reportagem, os cachorrinhos de Koons, adornados com flores, estão sobre essa
mesa, a mais cara de todas, obra
do australiano Marc Newson.
Todo o subsolo da loja está
reservado para Damien Hirst,
que também ocupa boa parte
da vitrine. Seu livro "Snowblind", encadernação com capa
revestida de espelho, é um dos
objetos mais vigiados pelas
vendedoras de tailleur preto.
São todos itens fabricados
em série, como já diz a vitrine,
para turbinar as vendas das
obras de valor mais alto na Gagosian, que fica na cobertura do
mesmo prédio na Madison.
"Muitos dos nossos artistas
se sentiram muito inspirados
com a loja", conta uma vendedora. "Agora começaram a produzir edições específicas para
atingir o público daqui."
(SM)
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