|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Instituto mapeia a literatura do Brasil no exterior
Pesquisa mostra que Milton Hatoum e Chico Buarque são mais lembrados que Euclydes da Cunha e Manuel Bandeira
Resultados iniciais de mapeamento feito pelo Itaú Cultural com pesquisadores estrangeiros revelam maior interesse na produção atual
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Milton Hatoum, Rubem
Fonseca e Chico Buarque estão
entre os autores mais lembrados hoje por estudiosos de literatura brasileira no exterior, à
frente de nomes como Euclydes da Cunha (1866-1909) e
Manuel Bandeira (1886-1968).
Esse é um dos resultados iniciais de um mapeamento sobre
como a produção literária do
Brasil é recebida em outros países. Os primeiros números, aos
quais a Folha teve acesso, serão divulgados hoje, na abertura do "2º Conexões Itaú Cultural: Encontro Internacional de
Literatura Brasileira", no Rio.
Os coordenadores da pesquisa, Felipe José Lindoso e Claudiney Ferreira, enviaram, desde 2007, questionários para
mais de mil tradutores, pesquisadores e professores que se
dedicam à literatura brasileira
no exterior. Até o momento,
108 especialistas, com atuações
em países como EUA (46%),
Inglaterra (10,8%), França
(9,7%) e outros, responderam.
"Localizar os especialistas e
receber as respostas é um trabalho que vai demorar anos,
mas os primeiros resultados já
permitem ver diferenças na
comparação com o último estudo do tipo", diz Lindoso. Ele
se refere a uma pesquisa realizada, nos anos 70, pelo crítico
literário Roberto Reis.
Em texto de 1977, Reis anotava que "os poucos cursos de
literatura brasileira no exterior
são, via de regra, panorâmicos,
girando em torno de grandes figuras, como Machado". "Vale
dizer que a literatura contemporânea, predominantemente
urbana, é totalmente ignorada", continuava o crítico, notando que só o "exótico" e o
"regionalista" eram estudados.
Machado de Assis ainda é o
autor mais citado pelos estrangeiros (leia abaixo), mas a pesquisa mostra um aumento no
interesse pela literatura produzida a partir dos anos 80. Quase
70% dos entrevistados têm interesse na produção contemporânea; só 5% disseram não
ter (o restante não informou).
A falta de empenho do governo na criação de uma entidade
para divulgar a literatura brasileira -algo como o Instituto
Goethe, da Alemanha, e o Cervantes, da Espanha- está entre os principais problemas
identificados. A maioria dos
tradutores, por exemplo, nem
sabia que poderia pedir apoio à
Fundação Biblioteca Nacional.
O "Conexões" segue até
quarta, com participação de
pesquisadores e escritores como Hatoum, Moacyr Scliar e
Luiz Ruffato (grátis; www.conexoesitaucultural.org.br).
Texto Anterior: Em Manhattan, galeria vira uma butique Próximo Texto: Simpósio mostra Grotowski para além de seu "teatro pobre" Índice
|