São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

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FILMES

Um Amigo Diferente
Globo, 16h.
 
(Little Big Foot). EUA, 1995, 100 min. Direção: Art Camacho. Com Ross Malinger, Kenneth Tigar, Kelly Packard. Empreendedores imobiliários ameaçam floresta onde vive Pezinho, supostamente um jovem descendente do mitológico Pé-Grande, ancestral do homem. No caso, Pezinho e sua mãe fazem amizade com menino e sua irmã, que passam férias à beira de um lago. Para crianças, e olhe lá.

Enquanto Você Dormia
SBT, 22h15.
  
(While You Were Sleeping). EUA, 1995, 103 min. Direção: Jon Turteltaub. Com Sandra Bullock, Bill Pullman, Peter Gallagher, Peter Boyle. A metroviária Bullock salva o homem de seus sonhos (Gallagher) durante um assalto. Mas não o salva tanto assim: o homem entra em coma, e ela passa a ser confundida, na família, com a noiva dele. Comédia com a abúlica Sandra. Enquanto o cara dorme, a gente cai no sono.

Intercine
Globo, 1h25.

Hoje passa o preferido dos votantes, entre "Vestígios do Dia" (1993, de James Ivory, com Anthony Hopkins, Emma Thompson) e "Agnes Browne - O Despertar de uma Vida", de Anjelica Huston, com Anjelica Huston, Marion O'Dwyer).

Rookie, um Profissional do Perigo
SBT, 2h30.
   
(The Rookie). EUA, 1990, 120 min. Direção: Clint Eastwood. Com Clint Eastwood, Charlie Sheen, Sônia Braga, Raul Julia. Dos filmes recentes de Clint, o que teve menor repercussão. Ele faz o policial durão que tem de formar dupla com o novato Sheen, a quem mal suporta. Mas, quando ele é pego, é o novato que vai libertá-lo.

Inferno Subterrâneo
Globo, 3h40.
 
(The Taking of Pelham 1, 2, 3). Canadá, 1998. Direção: Felix Enrique Alcala. Com Vincent d'Onofrio, Edward James Olmos, Lorraine Bracco. Quatro criminosos tomam de assalto um trem de metrô de Nova York e fazem 14 reféns. Exigem uma fortuna como resgate. Dois policiais tentarão resolver o problema de forma mais econômica. Ou seja, o inferno é aqui. (IA)

Susie, música e sensualidade

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Houve um tempo em que "Susie e os Baker Boys" (Telecine Emotion, 22h45) era quase uma atração permanente na televisão, paga ou não.
Ali há, primeiro, dois irmãos pianistas (os Bridges, Beau e Jeff) que decidem contratar uma cantora para seu show. E a encontram na pessoa de Susie. E Susie toma a cena, assim como Michelle Pfeiffer, que com este filme se afirmou de vez como grande estrela.
Filme de observação humana, o aqui estreante Steve Kloves consegue acrescentar a isso música e sensualidade. Não é pouco. O filme fez sucesso, merecidamente. Daí ser estranho o destino de Kloves, que dirigiu apenas mais um filme e hoje sobrevive escrevendo os roteiros da série "Harry Potter". Deve sobreviver bem. Quanto ao filme: é a ver ou rever.

CINEMA

"Ana y los Otros" vê Argentina microscópica

CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DA ILUSTRADA

A emergência do jovem cinema argentino em meio à crise econômica que submergiu o país a partir do governo Menem não é apenas uma coincidência fortuita. Naquele momento, a desagregação social serviu como a força que levou um grupo extenso de jovens cineastas egressos há pouco das escolas de cinema a reunir recursos e produzir retratos da crise. Um bom momento dessa etapa encontra-se em "Ana y los Otros" (2002).
Com seu modo peculiar, a diretora Celina Murga acompanha os pequenos distúrbios da jovem Ana ao retornar de Buenos Aires para a cidade provinciana onde nasceu. Em vez do grande acontecimento, do filme-tese à maneira de Fernando Solanas, Murga opta pelo micro, pelo interior, onde o distúrbio aparece menos, mas impacta mais.
É na defasagem entre o que Ana se transformou ao partir para Buenos Aires e o que ela reencontra -os namoricos como razão da existência, o vaivém entre o nada e o menos ainda- é que uma crise mais forte se instala. Crise do olhar, sobretudo, que no cinema traduz a crise da alma.
A sensação de que nada acontece costuma provocar irritação em parte dos espectadores que imagina o cinema como o lugar da ação incessante. Em vez dessa anestesia do olhar, o cinema de Murga (e de tantos outros jovens argentinos) oferece um outro tipo de ação, em que o microscópico avança de maneira insidiosa diante do espectador e o contamina. Trata-se de uma ação paralisante.
Foi assim, muito mais do que com discursos antiglobalização, que os talentosos integrantes dessa geração chamaram a atenção para si e para o cinema do seu país. Sem preocupar-se exclusivamente com eficácia comercial, reuniram limitados recursos, produziram suas visões da vida na Argentina naquele momento e isso foi o suficiente para chamar a atenção do público. Ou seja, a tal nova onda do cinema argentino não é fruto do acaso nem ação de um milagre. Mas tem sua beleza.


ANA Y LOS OTROS. Quando: hoje, às 23h40, no Canal Brasil.


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