São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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Novo regente é francês nômade e prodígio

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Yan Pascal Tortelier, 61, regente da Osesp nas duas próximas temporadas, foi uma criança musical. Aos quatro anos já estudava piano. Aos seis, violino, com o qual obteria, aos 14, o primeiro prêmio do Conservatório de Paris. Começou então a se apresentar com o pai, Paul Tortelier, que morreu em 1990, um dos mestres do violoncelo no século 20.
Foi aluno de Nadia Boulanger, que lecionou para Leonard Bernstein e Astor Piazzolla. E estudou regência com o maestro italiano Franco Ferrara. Sem abandonar o violino ou a música de câmara, tornou-se assistente, na Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse, do maestro Michel Plasson.
Plasson foi o responsável indireto por sua passagem, no ano passado, por São Paulo. O regente adoeceu depois de uma turnê pela China e cancelou os dois programas que faria com a Osesp. A orquestra procurou desesperadamente um substituto. Tortelier aceitou o convite.
O fato é que ele causou uma excelente impressão. Regeu Ravel, Lalo e Saint-Saëns. Com uma gesticulação curta e precisa, obteve da orquestra um fraseado que lembrava uma tela de renda, em que são perceptíveis fios ou entroncamentos.
Afirmou em recente entrevista que procura ver uma orquestra pelo ângulo dos instrumentistas. Ou seja, busca a sutileza de efeitos que sabe possíveis em razão de sua relação com o violino.

Maestro viajante
Exerceu a profissão de maestro sobretudo no Reino Unido e nos Estados Unidos. Parisiense de nascimento, nunca foi diretor de uma grande orquestra francesa.
Foi o principal convidado por três temporadas da Filarmônica da BBC, em Manchester, com a qual gravou extensivamente. É hoje maestro emérito da orquestra. Atuou também como o principal convidado da Sinfônica de Pittsburgh, que está entre as melhores orquestras americanas. Sua única ocupação fixa era até agora a de regente principal da Orquestra Juvenil Nacional do Reino Unido. Uma das anedotas a seu respeito é a de que, em Londres, ele força artificialmente o sotaque francês ao falar inglês com os jovens músicos para esconder o sotaque de Manchester que lhe é mais natural.
Seu currículo dá a impressão de um maestro irrequieto, que não gosta de compromissos de longo prazo. Pode estar numa semana em San Francisco, na outra em Tóquio e depois em Melbourne.
Em suas gravações -quase uma centena de CDs-, Yan Pascal Tortelier exibe preferência pelo repertório francês, com Ravel, Fauré, Saint-Saëns ou Chausson. Mas ele se movimenta sem cerimônia também por Mozart, Kodaly ou Gershwin. (JBN)


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