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Novo regente é francês nômade e prodígio
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Yan Pascal Tortelier, 61,
regente da Osesp nas duas
próximas temporadas, foi
uma criança musical. Aos
quatro anos já estudava piano. Aos seis, violino, com o
qual obteria, aos 14, o primeiro prêmio do Conservatório
de Paris. Começou então a se
apresentar com o pai, Paul
Tortelier, que morreu em
1990, um dos mestres do violoncelo no século 20.
Foi aluno de Nadia Boulanger, que lecionou para
Leonard Bernstein e Astor
Piazzolla. E estudou regência com o maestro italiano
Franco Ferrara. Sem abandonar o violino ou a música
de câmara, tornou-se assistente, na Orquestra Nacional
do Capitólio de Toulouse, do
maestro Michel Plasson.
Plasson foi o responsável
indireto por sua passagem,
no ano passado, por São Paulo. O regente adoeceu depois
de uma turnê pela China e
cancelou os dois programas
que faria com a Osesp. A orquestra procurou desesperadamente um substituto. Tortelier aceitou o convite.
O fato é que ele causou
uma excelente impressão.
Regeu Ravel, Lalo e Saint-Saëns. Com uma gesticulação curta e precisa, obteve da
orquestra um fraseado que
lembrava uma tela de renda,
em que são perceptíveis fios
ou entroncamentos.
Afirmou em recente entrevista que procura ver uma
orquestra pelo ângulo dos
instrumentistas. Ou seja,
busca a sutileza de efeitos
que sabe possíveis em razão
de sua relação com o violino.
Maestro viajante
Exerceu a profissão de
maestro sobretudo no Reino
Unido e nos Estados Unidos.
Parisiense de nascimento,
nunca foi diretor de uma
grande orquestra francesa.
Foi o principal convidado
por três temporadas da Filarmônica da BBC, em Manchester, com a qual gravou
extensivamente. É hoje
maestro emérito da orquestra. Atuou também como o
principal convidado da Sinfônica de Pittsburgh, que está entre as melhores orquestras americanas. Sua única
ocupação fixa era até agora a
de regente principal da Orquestra Juvenil Nacional do
Reino Unido. Uma das anedotas a seu respeito é a de
que, em Londres, ele força
artificialmente o sotaque
francês ao falar inglês com os
jovens músicos para esconder o sotaque de Manchester
que lhe é mais natural.
Seu currículo dá a impressão de um maestro irrequieto, que não gosta de compromissos de longo prazo. Pode
estar numa semana em San
Francisco, na outra em Tóquio e depois em Melbourne.
Em suas gravações -quase
uma centena de CDs-, Yan
Pascal Tortelier exibe preferência pelo repertório francês, com Ravel, Fauré, Saint-Saëns ou Chausson. Mas ele
se movimenta sem cerimônia também por Mozart, Kodaly ou Gershwin.
(JBN)
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