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"Crimes" traz autor redivivo
da Redação
José Antônio de Souza, 59,
autor do romance "Paixões
Alegres" (96, editora Globo),
fala de "Crimes Delicados", peça que escreveu 27 anos atrás,
com deleite atemporal. Lembra, por exemplo, que o crítico
Sábato Magaldi a situou na linha do absurdo, entre Samuel
Beckett e Eugène Ionesco.
Souza discorre ainda sobre a
associação de "Crimes Delicados" com a violência subterrânea em voga no Brasil dos anos
70, auge dos esquadrões da
morte, como eram chamados
os policiais que "desovavam"
inocentes e criminosos em cantões do Rio. Havia também a
referência ao regime militar em
vigor na época.
Na remontagem de "Crimes
Delicados", por Antonio Abujamra, a densidade perde terreno para a comédia mais aberta
(e de costumes), como o público conferiu em pré-estréia no
Festival de Teatro de Curitiba,
há duas semanas. A produção
entrou em cartaz ontem no
Ruth Escobar, em SP, com os
Goulart em cena: Paulo, Nicette e Barbara Bruno.
Quando conversou com a
Folha, há duas semanas, Souza
ainda não havia assistido o ensaio da nova montagem de
Abujamra, o mesmo que em 77
dirigiu a primeira produção
paulista da peça.
Dramaturgo redivivo, Souza
passou pelo menos a última década afastado do teatro profissional, dedicando-se à literatura e à produção independente
para televisão. Em "Crimes Delicados", criou um casal típico
de classe média, Hugo (Paulo
Goulart) e Lila (Nicette Bruno).
Eles dão vazão a seus instintos mais violentos. Primeiro
matam o peixinho no aquário,
o gato, o cão da casa. Depois, o
alvo é a empregada Efigênia
(Barbara Bruno).
Praticam o assassinato, disparam vários tiros e abandonam o corpo alhures. Mas Efigênia volta ao lar, estropiada,
queixando-se da briga violenta
que teve com um casal de
"amigos".
"O eterno retorno da empregada representa a resistência
do povo que, mesmo alijado da
história, continua lutando contra as adversidades, contra a
banalização do mal em todos
os planos da sociedade", diz
Souza.
(VALMIR SANTOS)
Peça: Crimes Delicados
Autor: José Antônio de Souza
Direção: Antonio Abujamra
Com: Paulo Goulart, Nicette Bruno e
Barbara Bruno
Quando: qui. a sáb., 21h; dom., 19h
Onde: Teatro Ruth Escobar (r. dos
Ingleses, 209, Bela Vista, tel. 0/xx/11/
289-2358)
Quanto: R$ 20 a R$ 30
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