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CRÍTICA - "REPLAY"
Atores fazem a farra
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
"Replay" pode ser vista como
uma encenação característica de
Gabriel Villela: estão lá referências visuais, como as máscaras da
"commedia dell'arte" e outras tão
conhecidas de espetáculos do diretor. Está lá sua obsessão com
uma atuação próxima do circo-teatro, em simplicidade e afetada
ingenuidade.
"Replay" também é, obviamente, a peça do jovem dramaturgo
Max Miller. Uma peça com alguma bossa na sua construção em
quadros, em fragmentos, mas expressando em sua linguagem e
nas situações ainda uma certa revolta juvenil.
"Replay" também pode ser vista
como a peça de lançamento de
um sistema de som e imagem para teatro, que os produtores trouxeram da Broadway para o Bexiga
e que é, de fato, para além do óbvio interesse comercial, curioso
-como o espetáculo destaca excessivamente.
Mas "Replay", mais do que isso
tudo, é um espetáculo de alguns
atores que, já antes, no musical
"Camila Baker", apresentavam o
que define esta "Replay": diversão. Eles parecem se divertir em
cena eles próprios -e sobretudo
divertem quem os vê.
Como em "Camila Baker", uma
comédia musical de "suspense"
sobre uma atriz que remete vagamente à diva Cacilda Becker, importa menos a dramaturgia ou a
encenação do que a festa de tiradas, bordões, sotaques e tudo
mais que faz a tradição besteirol
no teatro brasileiro.
Na estréia no sábado passado,
no imenso e distante palco do teatro Guaíra, "Replay" provocou
muito riso, mas foi um evidente
choque para o público do Festival
de Teatro de Curitiba.
Quem esperava outra aventura
estetizante do diretor viu uma
brincadeira, uma farra "camp" de
Cláudio Fontana, Raul Gazolla,
Vera Zimmerman e Mateus Carrieri -entre outros que já formam, a esta altura, uma companhia. Zombavam de episódios do
festival, ironizavam até mesmo o
cenário de Villela.
Não se pode dizer, pelo contrário, que o espetáculo vai fundo
nos temas que o texto se propõe,
da paixão e da existência. Mas é
um peça que pouco deve a "O
Mistério de Irma Vap" ou "A Bofetada", em entretenimento
"drag". Tem cenas, como a de
uma amaneirada "mesa-redonda", que já na estréia improvisada
apontavam para mais um quadro
"standard" de besteirol.
Carregando na caracterização
grotesca, o elenco está uniformemente bem, com algum destaque
para Fontana, que se descobriu
como ator de comédia, e para a
beleza também de comédia de
Vera Zimmerman, à vontade no
gênero. Até Gazolla e Carrieri se
revelam mais do que montes de
músculos, na peça.
Sem uma banda e com canções
pontuais, ainda assim "Replay"
pode ser descrito como musical.
Um besteirol musical para quem
não quer nada além da diversão,
do entretenimento.
Avaliação:
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