São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2000


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POLÊMICA
Administração de verbas por produtor "fantasma" causa cancelamento
Hospitais do Rio cortam incentivos

da Sucursal do Rio


Os hospitais Procardíaco e Samaritano anunciaram que não contribuirão mais com incentivos à cultura por meio da lei municipal 1.940, de 1992. O objetivo é evitar que as investigações de irregularidades no uso das verbas controladas pela RioArte -uma quantia avaliada em R$ 478 mil- arranhem as imagens das duas instituições.
As verbas foram administradas pelo produtor Carlos Alberto Belline, conhecido como Beto Bellini, mas estavam sob a responsabilidade da produtora Streva Gordo, das sócias Patrícia Gordo e Christina Streva.
Elas pediram, no dia 21 de março, a instauração de inquérito policial junto ao Ministério Público Estadual contra Bellini, acusando-o de falsificação de documentos, falsidade ideológica, estelionato e crime fiscal.
As sócias dizem que Bellini falsificou as assinaturas de Patrícia Gordo e usou a Streva Gordo como fachada para produzir duas peças e uma coleção de CDs. Segundo elas, a empresa nunca fora usada para a criação de projetos culturais.
O Procardíaco e o Samaritano entraram na história de forma inadvertida, figurando como patrocinadores. Eles usaram a lei municipal de incentivo, que abate até 20% do ISS devido e o canaliza para projetos culturais. Como os dois hospitais são citados por Bellini como patrocinadores fixos, resolveram cortar a ajuda financeira até que tudo se esclareça.
"Conversei com a direção do Samaritano e do Procardíaco e decidimos suspender os incentivos culturais até que a RioArte esclareça a situação", afirmou Paulo Villela, consultor dos hospitais.
O hospital Samaritano contribui anualmente com R$ 300 mil para projetos culturais que podem ser CDs, livros ou espetáculos teatrais. O Procardíaco não divulgou valores.
O presidente da RioArte, Oduvaldo Braga, lamentou a decisão, mas afirmou que o temor das direções dos dois hospitais é legítimo. "É um direito deles. Todo patrocinador precisa ter cuidado mesmo. Mas quem perde é a cultura. Graças à lei, 170 projetos foram realizados em cinco anos."
Braga lembra que foi a RioArte que descobriu que havia irregularidades na documentação enviada à entidade que comunicava uma mudança de nome do projeto "Os Príncipes" para "Perpétua", que entrou em cartaz no Rio em fevereiro.
Uma funcionária da RioArte notou que não fora só o nome da peça que mudara. Chamou a produtora oficial do projeto, a Streva Gordo Produções, e pediu explicações.
Patrícia Gordo afirmou que não sabia da existência daquele projeto nem de outros dois em nome da produtora. Segundo ela, sua assinatura tinha sido falsificada por Beto Bellini.
Na última sexta, a RioArte encaminhou à controladoria da Prefeitura do Rio os documentos referentes a projetos da Streva Gordo para averiguações.


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