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POLÊMICA
Administração de verbas por produtor "fantasma" causa cancelamento
Hospitais do Rio cortam incentivos
da Sucursal do Rio
Os hospitais Procardíaco e Samaritano anunciaram que não
contribuirão mais com incentivos
à cultura por meio da lei municipal 1.940, de 1992. O objetivo é evitar que as investigações de irregularidades no uso das verbas controladas pela RioArte -uma
quantia avaliada em R$ 478 mil-
arranhem as imagens das duas
instituições.
As verbas foram administradas
pelo produtor Carlos Alberto Belline, conhecido como Beto Bellini, mas estavam sob a responsabilidade da produtora Streva Gordo, das sócias Patrícia Gordo e
Christina Streva.
Elas pediram, no dia 21 de março, a instauração de inquérito policial junto ao Ministério Público
Estadual contra Bellini, acusando-o de falsificação de documentos, falsidade ideológica, estelionato e crime fiscal.
As sócias dizem que Bellini falsificou as assinaturas de Patrícia
Gordo e usou a Streva Gordo como fachada para produzir duas
peças e uma coleção de CDs. Segundo elas, a empresa nunca fora
usada para a criação de projetos
culturais.
O Procardíaco e o Samaritano
entraram na história de forma
inadvertida, figurando como patrocinadores. Eles usaram a lei
municipal de incentivo, que abate
até 20% do ISS devido e o canaliza
para projetos culturais. Como os
dois hospitais são citados por Bellini como patrocinadores fixos,
resolveram cortar a ajuda financeira até que tudo se esclareça.
"Conversei com a direção do
Samaritano e do Procardíaco e
decidimos suspender os incentivos culturais até que a RioArte esclareça a situação", afirmou Paulo
Villela, consultor dos hospitais.
O hospital Samaritano contribui anualmente com R$ 300 mil
para projetos culturais que podem ser CDs, livros ou espetáculos teatrais. O Procardíaco não divulgou valores.
O presidente da RioArte, Oduvaldo Braga, lamentou a decisão,
mas afirmou que o temor das direções dos dois hospitais é legítimo. "É um direito deles. Todo patrocinador precisa ter cuidado
mesmo. Mas quem perde é a cultura. Graças à lei, 170 projetos foram realizados em cinco anos."
Braga lembra que foi a RioArte
que descobriu que havia irregularidades na documentação enviada à entidade que comunicava
uma mudança de nome do projeto "Os Príncipes" para "Perpétua", que entrou em cartaz no Rio
em fevereiro.
Uma funcionária da RioArte
notou que não fora só o nome da
peça que mudara. Chamou a produtora oficial do projeto, a Streva
Gordo Produções, e pediu explicações.
Patrícia Gordo afirmou que não
sabia da existência daquele projeto nem de outros dois em nome
da produtora. Segundo ela, sua
assinatura tinha sido falsificada
por Beto Bellini.
Na última sexta, a RioArte encaminhou à controladoria da Prefeitura do Rio os documentos referentes a projetos da Streva Gordo para averiguações.
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