UOL


São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A montagem curitibana "Volta ao Dia...", com texto e direção de Márcio Abreu, é destaque entre as 145 peças do Fringe no FTC

Prata da casa

Lenise Pinheiro/Folha Imagem
Gustavo Borges, da Brasil no Palco Companhia Ilimitada (Brasília), em "Presépio de Hilaridades Humanas", dirigida por Bárbara Tavares e Caísa Tibúrcio


VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

A produção paranaense "Volta ao Dia..." encabeça a lista das cinco melhores peças do Fringe segundo a equipe de cobertura da Folha no 12º Festival de Teatro de Curitiba, que terminou ontem.
Em dez dias, foram vistas 48 das 145 peças da grade (subtraídas 12 desistências), cerca de 1/3.
Como faz há quatro anos, a equipe usa como bússola referências sobre os artistas ou o célebre boca-a-boca para guiar-se no emaranhado de montagens -média de 70 sessões, do meio-dia à madrugada. Ainda assim, não se escapa de saltos no escuro, para bem e para mal.
Prata da casa, "Volta ao Dia..." tem texto e direção de Márcio Abreu, com atuação de Maureen Miranda e Christiane Macedo. O trio já participou de projetos da Sutil Cia. de Teatro, de Felipe Hirsch ("A Vida É Cheia de Som e Fúria", alçada no Fringe 2000).
A filiação estética é patente. Abreu, 31, mira-se na obra do escritor belga-argentino Julio Cortázar para contar a história de Ana (Miranda) e Margrit (Macedo), desconhecidas que se encontram por acaso em um apartamento que nunca visitaram.
Em meio aos diálogos e rememorações fragmentadas, são projetadas imagens de filme super-8 rodado por Abreu com as atrizes.
O diretor diz que o eixo da sua inquietação para com o teatro passa pela dramaturgia. Abreu é carioca (como Hirsch) e mora em Curitiba desde os 15 anos.
Outra vertente do Fringe este ano foram os projetos de conclusão de cursos, como ocorrera em 2002 com "Hysteria", do grupo Teatro XIX, embrionário da USP.
"Presépio de Hilaridades Humanas" nasceu em 2000 entre as árvores do campus da Universidade de Brasília (UnB). Foi lá que as diretoras Bárbara Tavares, 28, e Caísa Tibúrcio, 23, conceberam o que chamam de "circo-presépio-espacial", no qual os atores surgem em redes de dormir penduradas em um círculo.
A adaptação da última parte da peça "A Pena e a Lei", de Ariano Suassuna, trata de sete defuntos que acertam as contas com Deus e a Morte. A Brasil no Palco Cia. Ilimitada ocupou um barracão.
O núcleo jovem do grupo Teatro Andante, de Belo Horizonte (atores recém-formados pelo Palácio das Artes/Fundação Clóvis Salgado) trouxe "Vereda da Salvação", de Jorge Andrade.
O elenco, média de 20 anos, defende o texto sob direção de Marcelo Bones, 43, que acentua a ação física no enredo de conflitos no campo e fanatismo religioso.
Diretor dos mais respeitados em Curitiba, Edson Bueno, 48, estreou "Vermelho Sangue Amarelo Surdo", monólogo que escreveu para o ator Ranieri Gonzalez. Trata-se de uma ótica dionisíaca sobre a vida e a obra do pintor holandês Van Gogh.
Fundada em 1989, pelo diretor Jefferson Bittencourt, a Persona Cia. de Teatro, de Florianópolis, apresentou duas peças no Fringe, entre elas "F.", de Rogério Christofoletti. Nela, um personagem inspirado no universo expressionista de Franz Kafka é acuado pelo medo da vida.
Segundo o diretor-geral do FTC, Victor Aronis, 41, cerca de 100 mil pessoas acompanharam a Mostra Oficial, o Fringe e os eventos paralelos.


O jornalista Valmir Santos, a repórter-fotográfica Lenise Pinheiro e o crítico Sergio Salvia Coelho viajaram a convite do 12º FTC


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Análise: Imagens predominam sobre o texto
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.