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QUADRINHOS
Especialistas promovem debate para discutir obra do cartunista argentino, que tem novos álbuns lançados no Brasil
Bienal do Livro leva humor de Quino a sério
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não há como falar de Quino, 71,
sem falar de Mafalda, 40, personagem da tirinha que lhe trouxe fama internacional desde a sua estréia em 1964 até muito além de
sua "morte", dez anos depois.
Mas, por ora, chega de Mafalda.
Apesar da insistência dessa garotinha em continuar por aí, fazendo sempre as suas perguntas certas nos momentos mais incertos,
Quino precisa ser reconhecido
pelo que ele é: "o melhor cartunista do mundo", segundo o pesquisador brasileiro Alvaro de Moya.
"A linguagem dele nos cartuns é
muito superior à linguagem dele
nos quadrinhos. Muitas coisas
que poderiam ter sido feitas com
dois quadrinhos, em "Mafalda",
ele fez com quatro", afirma Moya,
que, em 24 de abril, participa de
uma palestra na Bienal do Livro
sobre a obra de Quino.
O evento acontece por ocasião
do lançamento de três novos álbuns do cartunista argentino,
"Bem, Obrigado. E Você?", de
1974, "Quinoterapia", de 1985, e
"Quanta Bondade", de 1999. Com
isso a Martins Fontes, que no ano
passado já havia lançado três outras antologias de cartuns de Quino no país ("Não Fui Eu!", "Que
Gente Má" e "Potentes, Prepotentes e Impotentes"), chega cada vez
mais perto de trazer aos brasileiros a obra completa do argentino.
Apesar das tintas políticas mais
fortes aqui (em "Bem, Obrigado...", realizado em plena ditadura militar argentina), da crítica às
relações de poder entre médicos e
pacientes acolá ("Quinoterapia")
e das reflexões mais atuais sobre o
avanço da tecnologia ("Quanta
Bondade!"), os álbuns seguem
bem a linha daquilo que o próprio
Quino defendeu, em uma entrevista à Folha no ano passado:
"Sou um franco-atirador".
Mais do que a anarquia de assuntos, portanto, os cartuns de
Quino demonstram muitas vezes
uma anarquia de estilos. "Há casos em que ele detalha ao máximo
todos os elementos do cartum.
Em outros, é simplesmente um
esboço", explica Moya, autor entre outros de "História das Histórias em Quadrinhos". "Embora
ele tenha ficado conhecido mundialmente pelos quadrinhos, Quino é melhor como cartunista."
Questionado se concordava
com a afirmação, Quino declarou:
"Acho que limita muito desenhar
sempre os mesmos personagens,
sempre na mesma medida. Sempre gostei de fazer páginas de humor. Se não tivessem me encomendado uma tira, acho que não
teria feito nunca", disse em referência a seu primeiro trabalho,
aos 18 anos, quando foi contratado para desenhar uma tirinha institucional para uma loja que vendia quadros na Argentina.
Publicados regularmente na Argentina, Itália e Espanha, os cartuns de Quino raramente chegam
ao Brasil. Os álbuns, assim, são
uma forma de recuperar parte
desse tempo perdido. "Meu ideal
seria fazer um dia um livro com
desenhos nunca publicados, mas
como tenho sempre que entregar
um a cada semana, não dá."
BEM, OBRIGADO. E VOCÊ? /
QUINOTERAPIA / QUANTA BONDADE.
Autor: Quino. Tradução: Monica Stahel.
Lançamento: Martins Fontes. Preço: R$
40, em média, cada um. Debate com
Alvaro de Moya e Sonia Luyten. Quando:
24/4, às 15h30. Onde: Bienal do Livro
- auditório 3 (Centro de Exposições
Imigrantes, pavilhão, entrada pela av.
Miguel Stefano, zona sul, SP).
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