São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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POLÍTICA CULTURAL

Há um ano fechada, Casa das Rosas deve se dedicar a livros

Artistas questionam secretaria

ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Em reunião na manhã de ontem, membros da Cooperativa de Artistas Visuais do Brasil anunciaram um ato público contra o fechamento da Casa das Rosas, ocorrido há um ano. A manifestação está marcada para o próximo sábado, às 17h, no jardim da Casa, onde também ocorreu a reunião.
A Secretaria de Estado da Cultura, representada pelo historiador José Luiz Goldfarb, coordenador do projeto "São Paulo - Um Estado de Leitores", no qual está inclusa a Casa das Rosas, afirmou que a construção vai abrigar o Centro de Leitura Haroldo de Campos e terá biblioteca, livraria e café, com eventos literários. "Vamos abri-la no segundo semestre inspirada em Haroldo de Campos assim como em 96 a Casa foi aberta sob a inspiração de Mario Schenberg", disse Goldfarb, colaborador da mostra "O Mundo de Mário Schenberg", dedicada ao crítico de arte, que reinaugurou a Casa em 96.
Segundo Goldfarb, "a Casa vai abarcar desde a experiência vanguardista até a capacitação de pessoas para atuar na periferia".
A precariedade física da Casa das Rosas, no entanto, impede que os projetos sejam colocados em prática imediatamente, de acordo com Goldfarb. "Estamos em vias de fechar o patrocínio de R$ 1,8 milhão para reformar e aparelhar a Casa das Rosas. A parte elétrica tem infiltrações, vai ter de ser toda refeita", diz.
"Essas promessas já foram feitas há um ano", rebate Ivald Granato, membro da Cooperativa de Artistas Visuais. "A construção cultural é sempre benéfica, mas não com atitude eleitoreira. Essa engabelação da secretaria não adianta muita coisa. É uma posição terrível diante da cultura."
Fausto Chermont, vice-presidente da cooperativa, diz que "não é uma questão de espaço, é uma questão de projeto. A Casa era um projeto gerido por artistas, com mostras enormes e repercussão. Foi morto o espaço em que os artistas tinham voz. É uma guerra meio surda-muda. A secretária [da Cultura, Cláudia Costin] é a pessoa certa no lugar errado".


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