VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O teatro de vivência que os gaúchos da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, 26, praticam em espetáculos como o mais recente "Aos que Virão Depois de Nós - Kassandra in Process" tem como força-motriz as idéias do ator e pensador francês Antonin Artaud (1896-1948), que via no drama um instrumento revolucionário na relação do homem consigo e com a sociedade.
Não é à toa, portanto, que a Terreira, sede da companhia e espaço de formação de atores em Porto Alegre, abriga mais um evento dedicado a um dos mais inovadores artistas do século 20: o seminário "Cena de Paixão e Fúria segundo Artaud", que ocorre de hoje a 7/4.
Estão programados bate-papos com artistas e pesquisadores brasileiros e estrangeiros, além de apresentações de performances, espetáculos e vídeos. A primeira noite traz a professora francesa Camille Dumoulié (Universidade de Paris 10-Nanterre), que fala sobre "Artaud: a Fúria em Todos Seus Estados".
As teorias teatrais de Artaud, expostas numa série de ensaios, cartas e manifestos que escreveu após 1930, foram publicadas em conjunto pela primeira vez em 1938 ("Le Théâtre et Son Double"). Segundo a atriz Tânia Farias, a obra continua sendo "um dos mais inflamantes documentos do nosso tempo" em todas as expressões culturais. "Artaud é, desde a origem da companhia, a mais forte influência nos campos filosófico, estético e político", diz.
Nos oitos dias, o seminário contará ainda com as presenças de Daniel Lins (Universidade Federal do Ceará); Teixeira Coelho (USP); Samir Murad (Uni-Rio); Caco Coelho, diretor teatral do Rio; Beatriz Britto (USP) e Paulina Nólibos (UFRGS). Serão apresentadas as performances "Ofélia Machine", do Ói Nóis; "Ato Bruto", com Eduardo Severino e Ana Guasque (RS), entre outros.