São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2006

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CRÍTICA/ELETRÔNICA

DJ Patife desvia do caminho e desaponta

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro disco de estúdio do produtor e DJ paulistano Patife chega às lojas nesta semana. Há muito se esperava por isso, mas o álbum decepciona.
Porque "Na Estrada" traz uma imagem distorcida da música de Patife, de tudo o que ele já fez dentro do drum'n'bass.
Em 2004, no Brasília Music Festival, gigantesco evento de eletrônica armado no estacionamento de estádio Mané Garrincha, Patife reuniu o maior público da tenda de d'n'b. Era pouco depois da meia-noite de 26 de setembro, e o local estava abarrotado de gente. Quando ele pisou no palco, motivou uma gritaria. Era impressionante assistir a Patife passar brincando de momentos intimistas às batidas mais pesadas que faziam a multidão pular até o teto.
Mas nada daquilo está em "Na Estrada". O disco traz praticamente as mesmas situações e idéia contidas em "Sambassim", música com Fernanda Porto que fez Patife bastante popular. Mas "Sambassim" já tem cinco anos...
Por exemplo. "Na Estrada" inicia com "Diariamente", canção de Nando Reis gravada -e feita hit- por Marisa Monte. Aqui, a voz é de Camila Andrade. Mas lembra tanto a MM...
"Overjoyed", de Stevie Wonder, é revisitada com a ajuda do MC Cleveland Watkiss. "Que Pena", de Jorge Ben Jor, tem participações de Simoninha e Janaina Holland. De novo, a sensação é a de que pouco se fez para acrescentar algo à música -não à toa, o disco vem com uma "club version" de "Overjoyed", bem melhor do que a anterior.
"Enigma", "The Secret" e "Forgiven" bebem um pouco no jazz, na soul music, mas cansam fácil.
É quando Patife se livra dessa "musicalidade" "suingada", "bossa novística", que os melhores resultados aparecem. Como em "Made in Bahia", com sua saudável quebradeira. Mas aí já estamos no final do álbum. É muito pouco para Patife.


Na Estrada
  
Artista: Patife
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 25, em média


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