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MÚSICA
Elogiado pianista argentino retorna ao Brasil com repertório variado para shows no Cultura Artística e no Baretto
Navarro apresenta jazz "livre e extrovertido"
IRINEU FRANCO PERPÉTUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Chapéu na cabeça, swing e amor
pela música brasileira são os ingredientes que o pianista argentino Jorge Navarro, um dos principais músicos de jazz de seu país,
traz nesta semana a São Paulo.
Acompanhado por Arturo
Puertas (contrabaixo) e Osvaldo
Fattoruso (bateria), Navarro abre
hoje o Jazz Cult, série de oito apresentações mensais dedicadas ao
jazz em um dos mais tradicionais
palcos paulistanos de música erudita, o Cultura Artística (veja programação ao lado). E, de quinta a
sábado, ele toca no Baretto.
"Osvaldo é um grande baterista
uruguaio, que conheço há anos, e
cujo irmão, Hugo, é um pianista
que já tocou com muitos músicos
brasileiros, como Milton Nascimento, Chico Buarque e Djavan",
apresenta Navarro, em entrevista
à Folha, por telefone, de Buenos
Aires. "Já Arturo é um jovem contrabaixista argentino."
Jazzófilos mais atentos certamente se lembrarão da apresentação que Navarro fez em São Paulo
em 98, no Sesc Vila Mariana, ao
lado do também pianista Baby
Lopez Furst (1937-2000). Era o espetáculo "100 Anos de Gershwin
Rhapsody in Blue". "Gosto de tocar de forma livre, sem preconceito e extrovertida. A música sai assim, com muito swing."
A carreira musical de Navarro
começou em 1958, com a banda
Swingtimers, com a qual gravou
três discos, mas começou a chamar a atenção em 1960, quando,
ao lado do saxofonista Gato Barbieri, montou a Agrupación Nuevo Jazz. Desde então, teve uma
trajetória laureada, marcada por
shows com nomes do quilate de
Ella Fitzgerald e Ray Charles.
Por aqui, ele terá convidado especial: o saxofonista portenho radicado no Brasil Héctor Costita,
59. "É um dos criadores da bossa
nova instrumental, com o trabalho que fez com Sérgio Mendes e
Edison Machado, nos anos 60."
Além de temas de Costita, Navarro inclui no programa "Meditação", homenagem a Tom Jobim
("Que não é mais só de vocês, brasileiros; é de toda a humanidade,
e, portanto, é muito meu também"), além de standards americanos, como "I Mean You", de
Thelonious Monk; "Satin Doll",
de Duke Ellington; "Fascinating
Rhythm", dos irmãos Gershwin.
Seu principal projeto hoje é a
formação de uma big band portenha. "Há uns 30 anos não há uma
big band atuando com regularidade em Buenos Aires", conta.
Chamado La Gran Banda, o grupo reúne 17 integrantes, e começa
as atividades em 25 de junho.
Navarro não crê na existência
de um jazz puramente argentino
ou em elementos portenhos em
sua maneira de tocar. "O jazz é
uma linguagem universal, tocada
por músicos de diversos países. O
que há são músicos de várias nacionalidades, que se exprimem no
idioma comum do jazz."
Para o Brasil, contudo, ele abre
uma exceção. "Não é porque estou dando esta entrevista para um
jornal brasileiro que digo isso,
mas o fato é que só vocês conseguem fazer algo diferente. Isso
porque a música brasileira é muito forte no aspecto rítmico e, assim, os músicos de vocês não precisam recorrer ao jazz para buscar
ritmo. Mas nós, que viemos de
países em que a música não é tão
forte nesse aspecto, temos que recorrer à rítmica do jazz", teoriza.
JAZZ CULT. Onde: Teatro Cultura
Artística - sala Rubens Sverner (r. Nestor
Pestana, 196, tel. 0/xx/11/3256-0223).
Quando: hoje, às 21h. Quanto: R$ 30.
JORGE NAVARRO. Onde: Baretto (r.
Vittorio Fasano, 88, tel. 0/xx/11/3896-4066). Quando: de qui a sáb, às 21h.
Quanto: R$ 70.
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