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Morre Walter Santos, pioneiro da bossa em SP
Gravado por Elis Regina e outros intérpretes importantes, cantor e compositor de 77 anos perde a luta contra o câncer
Amigo de João Gilberto na adolescência, o baiano se radicou na capital paulista; as últimas gravações foram com Luciana Souza, sua filha
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em meio às comemorações
de seus 50 anos, a bossa nova
perdeu um de seus pioneiros.
Internado desde o dia 10 no
hospital Albert Einstein, em
São Paulo, o compositor, violonista e cantor Walter Santos,
77, morreu anteontem, em decorrência de câncer contra o
qual lutava há anos.
Na década de 60, Walter iniciou extensa parceria com a letrista Tereza Souza, sua mulher, com a qual compôs sucessos como "Amanhã" (mais de
30 gravações), "Azul Contente"
e "Samba Só", gravados por intérpretes do primeiro time da
MPB, como Elis Regina, Dick
Farney e o Zimbo Trio.
Nascido em Senhor do Bonfim (BA), ele cresceu na vizinha
Juazeiro, onde se tornou amigo
e parceiro de João Gilberto, futuro deflagrador da bossa nova.
A paixão de ambos por conjuntos vocais os levou a formar o
grupo Enamorados do Ritmo.
Walter morou por três anos
no Rio, antes de se radicar em
São Paulo, em 1960. Por insistência do amigo, participou dos
vocais do lendário disco "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso, um dos marcos
do nascimento da bossa nova.
Pioneiro na divulgação da
bossa em São Paulo, Walter
chamava a atenção de músicos
e cantores da cena local, como
Sérgio Augusto e Maricene
Costa, que admiravam seu violão moderno e sua "voz de veludo". Mesmo assim, suas composições repercutiram mais
que a carreira de intérprete.
Para sustentar a família, trocou os palcos pela publicidade,
especializando-se na criação de
jingles. Sempre em parceria
com Tereza Souza, compôs pérolas do gênero para clientes
como o extinto banco Bamerindus. Já em 1981 ele e Tereza
criaram o Som da Gente, selo
que fez história na área da música instrumental brasileira.
Sua última aparição como
violonista ocorreu em 2002, no
álbum "Brazilian Duos", da
cantora Luciana Souza, sua filha caçula radicada nos EUA.
"Não fiz sucesso como cantor,
mas como compositor não posso me queixar. Fui gravado pelos grandes intérpretes da época", disse Walter, em 2005,
quando acompanhou, já com a
saúde debilitada, outras gravações da filha.
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