São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Morre Walter Santos, pioneiro da bossa em SP

Gravado por Elis Regina e outros intérpretes importantes, cantor e compositor de 77 anos perde a luta contra o câncer

Amigo de João Gilberto na adolescência, o baiano se radicou na capital paulista; as últimas gravações foram com Luciana Souza, sua filha


CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em meio às comemorações de seus 50 anos, a bossa nova perdeu um de seus pioneiros. Internado desde o dia 10 no hospital Albert Einstein, em São Paulo, o compositor, violonista e cantor Walter Santos, 77, morreu anteontem, em decorrência de câncer contra o qual lutava há anos.
Na década de 60, Walter iniciou extensa parceria com a letrista Tereza Souza, sua mulher, com a qual compôs sucessos como "Amanhã" (mais de 30 gravações), "Azul Contente" e "Samba Só", gravados por intérpretes do primeiro time da MPB, como Elis Regina, Dick Farney e o Zimbo Trio.
Nascido em Senhor do Bonfim (BA), ele cresceu na vizinha Juazeiro, onde se tornou amigo e parceiro de João Gilberto, futuro deflagrador da bossa nova. A paixão de ambos por conjuntos vocais os levou a formar o grupo Enamorados do Ritmo.
Walter morou por três anos no Rio, antes de se radicar em São Paulo, em 1960. Por insistência do amigo, participou dos vocais do lendário disco "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso, um dos marcos do nascimento da bossa nova.
Pioneiro na divulgação da bossa em São Paulo, Walter chamava a atenção de músicos e cantores da cena local, como Sérgio Augusto e Maricene Costa, que admiravam seu violão moderno e sua "voz de veludo". Mesmo assim, suas composições repercutiram mais que a carreira de intérprete.
Para sustentar a família, trocou os palcos pela publicidade, especializando-se na criação de jingles. Sempre em parceria com Tereza Souza, compôs pérolas do gênero para clientes como o extinto banco Bamerindus. Já em 1981 ele e Tereza criaram o Som da Gente, selo que fez história na área da música instrumental brasileira.
Sua última aparição como violonista ocorreu em 2002, no álbum "Brazilian Duos", da cantora Luciana Souza, sua filha caçula radicada nos EUA. "Não fiz sucesso como cantor, mas como compositor não posso me queixar. Fui gravado pelos grandes intérpretes da época", disse Walter, em 2005, quando acompanhou, já com a saúde debilitada, outras gravações da filha.


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