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Crítica/"Caçadores de Luz"
Irmãos contam histórias do fotojornalismo
EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ética, estética, originalidade, informação relevante e, de preferência,
exclusiva são os atributos de
uma boa imagem jornalística.
Cultura, noções de arte, intuição, persistência, um pouco de
sorte e muito, muito suor são os
pré-requisitos básicos para alcançar tal resultado, como demonstram os irmãos Marques
no livro "Caçadores de Luz:
Histórias de Fotojornalismo",
lançado pela Publifolha.
São mais de 60 anos dedicados ao fotojornalismo, somando o tempo das carreiras de
Sérgio, Lula e Alan. Todos
atuam em Brasília, fotografando e editando diariamente imagens dos bastidores da política,
acompanhando todos os presidentes da República desde
1984, quando Sérgio chegou ao
jornal "O Globo". Lula atua na
Folha há 21 anos e Alan há 11,
depois de fotografar por cinco
anos no "Jornal de Brasília".
No livro, os irmãos narram
em tom quase épico as agruras
do dia-a-dia da profissão de repórter-fotográfico. Como a
maior parte das pautas em Brasília se limita a políticos dando
declarações, os Marques demonstram quão necessário é
ter a habilidade de um caçador
para conseguir uma imagem diferenciada e que simbolize de
forma inteligente os freqüentes
escândalos que envolvem os
políticos.
O capítulo "A Luta pela Imagem" destaca histórias nas
quais a busca obsessiva pela
imagem exclusiva quase transformou o fotógrafo numa notícia fúnebre, como na cobertura
realizada por Sérgio na guerra
de Angola, em 1989, ou quando
Lula teve um revólver apontado para a sua cabeça na comemoração dos 500 anos do Brasil, em 2000.
Alan, o mais literário dos irmãos, conta em pormenores
inimagináveis a dificuldade da
cobertura da queda do vôo 1907
da Gol, em 2006.
Nos outros dois capítulos,
"Histórias de Presidentes" e
"Celebridades do Mundo", os
Marques dosam narrativas saborosas sobre as ante-salas de
Brasília, as esperas intermináveis por uma declaração, a frustração com as fotografias protocolares, o eterno embate com
assessores, seguranças e policiais para furar o cerco e ter
acesso a lugares onde nem sempre são bem-vindos, com histórias que demonstram a personalidade dos presidentes Sarney, Itamar, Collor e FHC e a
forma como eles se portavam
em relação às imagens.
Quanto ao governo atual, Lula Marques faz uma pesada crítica à forma como o presidente
Lula e sua assessoria tratam a
imprensa em geral e os fotógrafos em particular: "Existe ordem para manter a imprensa
longe. Os seguranças se sentiram no direito de voltar a ter
atitudes com as quais só nos deparamos em países com regime
de governo ditatorial", escreve.
A boa idéia do projeto e as
narrativas em ritmo de seqüência de fotogramas, porém, foram bastante prejudicadas por
um projeto gráfico burocrático,
pela edição decepcionante de
minguadas fotos de cada história e pela má impressão. Idéia
certeira em forma equivocada.
CAÇADORES DE LUZ: HISTÓRIAS DE FOTOJORNALISMO
Autores: Alan Marques, Lula Marques e Sérgio Marques
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 37 (240 págs.)
Avaliação: regular
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