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CINEMA
Feito com US$ 20 mil, "Revelations", baseado na série de George Lucas, já foi visto por mais de 3 milhões de pessoas
Amador ganha fama com "Star Wars" caseiro
ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre a passagem de Anakin
Skywalker de um promissor Jedi,
em "Ataque dos Clones", para o
cruel Darth Vader, no terceiro
episódio de "Guerra nas Estrelas",
um grupo desconhecido de resistentes, liderados pela heroína
Taryn Anwar, se envolveu na busca por uma antiga arma jedi para
enfrentar o tenebroso Império.
Não, isso não é um delírio. O filme "Star Wars Revelations" existe
e foi feito com um orçamento modesto, de US$ 20 mil, cerca de R$
48 mil, se comparado à recente
superprodução de George Lucas
(US$ 115 milhões ou R$ 280 mil),
mas caro o bastante para endividar seu diretor, o designer gráfico
americano Shane Felux, 33, que
levou três anos para concluir a saga de 40 minutos que, até agora,
não lhe rendeu nenhum centavo.
"A idéia não era mesmo ganhar
dinheiro. Era fazer um filme para
os fãs se divertirem", afirma Felux
à Folha, que atua no projeto e é,
ele próprio, um fervoroso admirador de "Guerra nas Estrelas".
Filmes feitos por fãs não são novidade. O que atraiu a imprensa e
os mais de 3 milhões de pessoas
que já fizeram o download da
produção de Felux na internet
(www.panicstruckpro.com) é a
qualidade do média-metragem.
Ainda que os atores de "Revelations" não tenham o charme de
Natalie Portman ou Ewan McGregor, protagonistas dos três primeiros "Guerra nas Estrelas", as
tropas do Império, por exemplo,
são impecáveis, os sabres de luz,
bastante convincentes, e as perseguições espaciais estão longe de
serem comparadas às de um filme
B. Isso sem contar os caprichados
penteados das mulheres, bem ao
estilo dos que fizeram a fama de
princesa Leia (Carrie Fisher) nos
três últimos episódios da saga.
"Quando começamos "Revelations", pensamos primeiro em
mostrar como poderíamos utilizar a tecnologia para fazer um filme "high-tech" independente, totalmente caseiro", explica Felux,
que fez o roteiro e a produção em
parceria com sua mulher, Dawn
Cowings, 35.
Na rede
A quixotesca empreitada desse
norte-americano do Texas, que
mora com a mulher e duas filhas
pequenas em Virgínia, acabou
envolvendo mais de 200 pessoas,
entre atores, cinegrafistas e músicos. "No início, procurei os amigos. Ligava para as pessoas e perguntava se queriam participar
sem ganhar nada por isso", lembra Felux. "Quando mostrava o
projeto, elas diziam "esse cara é sério" e aceitavam."
A segunda etapa foi jogar a idéia
na rede. O resultado: gente do Canadá, da Lituânia e da Austrália,
além de diversas partes dos Estados Unidos, se envolveu em "Revelations". "O filme não teria sido
possível sem a internet", explica.
"Minha equipe de efeitos especiais é formada por pessoas de várias partes do mundo. Nunca tinha conversado com a maioria
delas antes de começar o projeto."
Além da produção, a internet
foi determinante na distribuição
de "Revelations". "Há alguns
anos, a única maneira de um independente mostrar seu filme era
em um festival, para um pequeno
círculo de espectadores", acredita
Felux. "Hoje é possível ter uma
audiência muito maior, e é isso o
que um diretor quer."
Mesmo sem garantias de que
vai conseguir seguir adiante com
o sonho de ser diretor -ele está
fazendo sua própria ficção científica-, Felux não se arrepende do
tempo e dinheiro gastos. "Reunimos 900 pessoas de vários países
na "première", em Portland. Tivemos até tapete vermelho. Foi uma
celebração muito especial."
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