São Paulo, domingo, 31 de julho de 2005

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CINEMA

Feito com US$ 20 mil, "Revelations", baseado na série de George Lucas, já foi visto por mais de 3 milhões de pessoas

Amador ganha fama com "Star Wars" caseiro

ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre a passagem de Anakin Skywalker de um promissor Jedi, em "Ataque dos Clones", para o cruel Darth Vader, no terceiro episódio de "Guerra nas Estrelas", um grupo desconhecido de resistentes, liderados pela heroína Taryn Anwar, se envolveu na busca por uma antiga arma jedi para enfrentar o tenebroso Império.
Não, isso não é um delírio. O filme "Star Wars Revelations" existe e foi feito com um orçamento modesto, de US$ 20 mil, cerca de R$ 48 mil, se comparado à recente superprodução de George Lucas (US$ 115 milhões ou R$ 280 mil), mas caro o bastante para endividar seu diretor, o designer gráfico americano Shane Felux, 33, que levou três anos para concluir a saga de 40 minutos que, até agora, não lhe rendeu nenhum centavo.
"A idéia não era mesmo ganhar dinheiro. Era fazer um filme para os fãs se divertirem", afirma Felux à Folha, que atua no projeto e é, ele próprio, um fervoroso admirador de "Guerra nas Estrelas".
Filmes feitos por fãs não são novidade. O que atraiu a imprensa e os mais de 3 milhões de pessoas que já fizeram o download da produção de Felux na internet (www.panicstruckpro.com) é a qualidade do média-metragem.
Ainda que os atores de "Revelations" não tenham o charme de Natalie Portman ou Ewan McGregor, protagonistas dos três primeiros "Guerra nas Estrelas", as tropas do Império, por exemplo, são impecáveis, os sabres de luz, bastante convincentes, e as perseguições espaciais estão longe de serem comparadas às de um filme B. Isso sem contar os caprichados penteados das mulheres, bem ao estilo dos que fizeram a fama de princesa Leia (Carrie Fisher) nos três últimos episódios da saga.
"Quando começamos "Revelations", pensamos primeiro em mostrar como poderíamos utilizar a tecnologia para fazer um filme "high-tech" independente, totalmente caseiro", explica Felux, que fez o roteiro e a produção em parceria com sua mulher, Dawn Cowings, 35.

Na rede
A quixotesca empreitada desse norte-americano do Texas, que mora com a mulher e duas filhas pequenas em Virgínia, acabou envolvendo mais de 200 pessoas, entre atores, cinegrafistas e músicos. "No início, procurei os amigos. Ligava para as pessoas e perguntava se queriam participar sem ganhar nada por isso", lembra Felux. "Quando mostrava o projeto, elas diziam "esse cara é sério" e aceitavam."
A segunda etapa foi jogar a idéia na rede. O resultado: gente do Canadá, da Lituânia e da Austrália, além de diversas partes dos Estados Unidos, se envolveu em "Revelations". "O filme não teria sido possível sem a internet", explica. "Minha equipe de efeitos especiais é formada por pessoas de várias partes do mundo. Nunca tinha conversado com a maioria delas antes de começar o projeto."
Além da produção, a internet foi determinante na distribuição de "Revelations". "Há alguns anos, a única maneira de um independente mostrar seu filme era em um festival, para um pequeno círculo de espectadores", acredita Felux. "Hoje é possível ter uma audiência muito maior, e é isso o que um diretor quer."
Mesmo sem garantias de que vai conseguir seguir adiante com o sonho de ser diretor -ele está fazendo sua própria ficção científica-, Felux não se arrepende do tempo e dinheiro gastos. "Reunimos 900 pessoas de vários países na "première", em Portland. Tivemos até tapete vermelho. Foi uma celebração muito especial."


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