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Crítica
"Hulk" repete a experiência de leitura das HQs
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ontem, eu falava sobre o cinema ser uma arte essencialmente da imagem, e não da palavra, como a literatura. Claro
que o roteiro é sempre um importante ponto de partida (o
que o torna imprescindível
num filme mais narrativo), mas
"Hulk" (Fox, 23h), de Ang Lee,
é outro exemplo da importância da imagem.
O roteiro é de doer. Por outro
lado, finalmente um diretor
conseguiu verter para o cinema
a estética dos quadrinhos, reproduzindo a própria experiência de se ler uma revista.
Assim, nos momentos graves, a
tela fica dividida em quadros,
com Hulk saltando de um para
outro, repetindo a ilusão de
movimento feita nos gibis. E na
tela, nossos olhos repetem o
passeio que fazem numa página de HQ.
Essa opção justifica Hulk ser
artificialmente digital, parecendo um desenho: Ang Lee seqüestra-o do papel para a tela.
Do resultado polêmico (o herói
foi apelidado de Shrek), há a
certeza absoluta de que "Hulk"
é das grandes experiências visuais contemporâneas.
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