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Filme acompanha a marcha dos ursos
Dos criadores do documentário sobre pingüins, "Aventuras no Novo Ártico" enfoca luta de filhotes por comida
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pequena ursa polar e
uma morsa enfrentam o mundo hostil em época de aquecimento global. "O que há além
de um círculo de luz", se pergunta a ursa Nanu logo ao nascer, em um buraco gelado no
Ártico. A curiosidade a instiga a
sair e procurar a mãe, faminta,
após seis meses sem comer ou
beber nada por conta do filhote.
Ali perto, vem ao mundo Seela, a morsa, que vai ter a proteção da mãe e de uma "tia" até os
três anos, quando termina seu
aprendizado de sobrevivência.
São duas realidades bem diferentes que o documentário
"Aventuras do Novo Ártico",
produzido pela National Geographic e que sai direto em
DVD, vai acompanhar. Retrata
um ciclo de vida completo dessas "crianças do Ártico", contrapondo a solidão do urso polar, que aos dois anos é expulso
de perto da mãe para que busque sua própria comida, e o coletivo das morsas, que fazem
tudo em conjunto, desde cuidar
dos raros bebês até soltar os gases produzido pela comilança
de 4.000 moluscos por vez.
Com trilha sonora divertida,
com músicas como "We Are
Family", o longa tem os produtores de "A Marcha dos Pingüins" e embala no sucesso do
filme de Luc Jacquet, explorando narrativa familiar criada a
partir das personagens Nanu e
Seela, na voz de Queen Latifah.
Os predadores e a fome são
os principais inimigos a vencer.
Nisso os ursos sofrem mais,
porque sua presa (focas, principalmente) escapa 19 vezes antes que eles consigam apanhar
uma. E, com a chegada do verão
e o degelo, termina a temporada de caça. Como o aquecimento global tem estendido o período de calor, com três meses de
atraso para o gelo se formar, os
animais polares precisam migrar para cada vez mais longe
para conseguir comida.
Vale dar uma olhada no making of para perceber o tamanho da empreitada do casal
Adam Ravetch e Sarah Robertson: mesmo com os 15 anos de
experiência deles, dependeram
de ajuda local de moradores
inuit e do tempo instável de 28
C negativos. Às vezes, tinham
de esperar semanas para simplesmente poder sair do abrigo.
A média era de dois dias de filmagem por mês -algumas vezes para registrar apenas o gelo
se quebrando ou chuva.
Os bastidores também revelam a proximidade que Ravetch
chega dos animais, mesmo correndo o risco de ser afogado por
uma morsa, que é duas vezes
maior do que qualquer urso polar. Foram quatro anos para
achar onde estavam as morsas
bebês e mais um tempo de convencimento da mãe que o diretor era inofensivo, até que ela
amamentasse diante da câmera
dele, segurando sua filhote. Ou
um plantão de 19 horas até um
urso atacar um bando de morsas em atitude kamikase -que
dá certo. Com essas cenas raríssimas e uma narrativa bem encadeada, este documentário se
impõe como obrigatório.
AVENTURAS NO NOVO ÁRTICO
Distribuidora: Paramount
Quanto: R$ 39,90, em média
Classificação indicativa: livre
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