São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2010

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Novo festival destaca obra de Veronese

Primeira edição do MIRADA, em Santos, recebe diretor portenho e destaca produção teatral ibero-americana

Festival terá 18 peças internacionais e 13 nacionais, com proposta de "integração latino-americana"


MARCOS GRINSPUM FERRAZ
DE SÃO PAULO

De uma programação teatral dedicada principalmente à produção dos países sul-americanos, aparece como um dos principais destaques da primeira edição do MIRADA (Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos) o diretor e dramaturgo argentino Daniel Veronese.
Nome forte na cena portenha das últimas décadas, o diretor chega a Santos com três espetáculos que, segundo ele, representam um bom panorama de seu trabalho como diretor de teatro independente na Argentina.
Veronese, 54, começou a carreira como mímico e ator nos anos 1980, até iniciar experiências radicais de encenação e um intenso diálogo com a tradição dramática dos séculos 19 e 20.
É justamente esse diálogo que será visto no Brasil, com a apresentação de duas adaptações de Henrik Ibsen (1828-1906) e uma de Anton Tchékhov (1860-1904).
Do primeiro, uma versão para "Casa de Bonecas", com o nome "El Desarrollo de la Civilización Venidera" e outra para "Hedda Gabler", intitulada agora "Todos los Grandes Gobiernos han Evitado el Tetro Íntimo". Elas estarão no Sesc Santos, nos dias 5 e 6.
A mudança de nomes das obras mostra a intenção do diretor de reler os textos sem a necessidade de ser fiel aos originais, buscando nos clássicos o que eles possam trazer de mais contemporâneo.
"Ibsen escreveu para sua época, mas sua eficácia dramatúrgica e seu sistema de escritura funcionam ainda hoje", explica Veronese.
De Tchékhov, ele apresenta versão para a clássica "Tio Vânia", com o nome "Espía a una Mujer que se Mata". A peça estará no mesmo espaço, no dia 7.
"Sempre sinto que Tchekóv escreveu para nós, seres humanos com defeitos e virtudes, com boas e más experiências e com falsas esperanças que, ao fim, nos fazem viver", analisa.
O gosto pela dramaturgia naturalista do fim do século 19 se relaciona a uma estética também de traços naturalistas que percorre o trabalho de Veronese, calcada mais na "força do ator", como diz, do que em recursos como luz, música e figurino.

MIRADA
"O Brasil é um país ibero-americano, mas nunca se convenceu muito disso", diz Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc de São Paulo e um dos curadores do MIRADA.
E assim explica a proposta curatorial do festival, surgida de uma "vontade integradora", segundo ele, de estimular o intercâmbio cultural entre Brasil e seus vizinhos de língua espanhola.
Daí a escolha por Santos, principal porto brasileiro, como sede do evento. "Porto significa comunicação: comércio, política, cultura, uma cidade cosmopolita."
O festival, que vai desta quinta-feira (dia 2) até o dia 11, recebe 18 espetáculos internacionais e 13 nacionais, com dez mil ingressos à venda, além das peças de rua, gratuitas.


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