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Novo festival destaca obra de Veronese
Primeira edição do MIRADA, em Santos, recebe diretor portenho e destaca produção teatral ibero-americana
Festival terá 18 peças internacionais e 13 nacionais, com proposta de "integração latino-americana"
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
DE SÃO PAULO
De uma programação teatral dedicada principalmente
à produção dos países sul-americanos, aparece como
um dos principais destaques
da primeira edição do MIRADA (Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos) o diretor e dramaturgo
argentino Daniel Veronese.
Nome forte na cena portenha das últimas décadas, o
diretor chega a Santos com
três espetáculos que, segundo ele, representam um bom
panorama de seu trabalho
como diretor de teatro independente na Argentina.
Veronese, 54, começou a
carreira como mímico e ator
nos anos 1980, até iniciar experiências radicais de encenação e um intenso diálogo
com a tradição dramática dos
séculos 19 e 20.
É justamente esse diálogo
que será visto no Brasil, com
a apresentação de duas
adaptações de Henrik Ibsen
(1828-1906) e uma de Anton
Tchékhov (1860-1904).
Do primeiro, uma versão
para "Casa de Bonecas", com
o nome "El Desarrollo de la
Civilización Venidera" e outra para "Hedda Gabler", intitulada agora "Todos los
Grandes Gobiernos han Evitado el Tetro Íntimo". Elas estarão no Sesc Santos, nos
dias 5 e 6.
A mudança de nomes das
obras mostra a intenção do
diretor de reler os textos sem
a necessidade de ser fiel aos
originais, buscando nos clássicos o que eles possam trazer de mais contemporâneo.
"Ibsen escreveu para sua
época, mas sua eficácia dramatúrgica e seu sistema de
escritura funcionam ainda
hoje", explica Veronese.
De Tchékhov, ele apresenta versão para a clássica "Tio
Vânia", com o nome "Espía a
una Mujer que se Mata". A
peça estará no mesmo espaço, no dia 7.
"Sempre sinto que Tchekóv escreveu para nós, seres
humanos com defeitos e virtudes, com boas e más experiências e com falsas esperanças que, ao fim, nos fazem viver", analisa.
O gosto pela dramaturgia
naturalista do fim do século
19 se relaciona a uma estética
também de traços naturalistas que percorre o trabalho
de Veronese, calcada mais
na "força do ator", como diz,
do que em recursos como luz,
música e figurino.
MIRADA
"O Brasil é um país ibero-americano, mas nunca se
convenceu muito disso", diz
Danilo Santos de Miranda,
diretor regional do Sesc de
São Paulo e um dos curadores do MIRADA.
E assim explica a proposta
curatorial do festival, surgida de uma "vontade integradora", segundo ele, de estimular o intercâmbio cultural
entre Brasil e seus vizinhos
de língua espanhola.
Daí a escolha por Santos,
principal porto brasileiro, como sede do evento. "Porto
significa comunicação: comércio, política, cultura,
uma cidade cosmopolita."
O festival, que vai desta
quinta-feira (dia 2) até o dia
11, recebe 18 espetáculos internacionais e 13 nacionais,
com dez mil ingressos à venda, além das peças de rua,
gratuitas.
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