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crítica
"Inútil" usa a moda para falar da China
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A China parece disposta a surpreender o Ocidente a
cada instante. Assim também com Jia Zhang-ke.
Em "Inútil", ele dedica-se
ao trabalho da estilista Ma
Ke, responsável inicialmente pela grife Exception, que buscava impor
um tipo de roupas fora da
padronização chinesa.
Não sei se Exception se
enquadra no conceito de
prêt-à-porter. Mas o trabalho subseqüente da designer já é francamente de
alta-costura. E não por
acaso o cineasta acompanha o desfile de Ma Ke em
Paris, no qual modelos são
dispostos como em uma
exposição. O efeito é assombroso, assim como a
descrição de Ma Ke para
seus trabalhos.
Não menos assombrosas são as imagens que
acompanham o eixo principal do filme. Os artesãos
da moda, os operários, de
uma modéstia evidente.
O cinema de Jia se impõe ainda uma vez, neste
documentário sobre moda, como um perplexo observador das transformações abissais por que passa
a China. Da visão geral de
uma grande cidade à observação das ruelas pobres, é essa capacidade de
transformação contínua,
mas em que os desequilíbrios são evidentes, o
olhar é agudo. Da mesma
forma, a capacidade de
modernização e assimilação dos hábitos ocidentais
(de que a moda é hoje um
sinal evidente), bem como
a capacidade de formular
respostas originais e próprias não passam em branco ao olhar deste cineasta
mais que preciso.
INÚTIL
Avaliação: ótimo
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