São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2007

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crítica

"Inútil" usa a moda para falar da China

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A China parece disposta a surpreender o Ocidente a cada instante. Assim também com Jia Zhang-ke.
Em "Inútil", ele dedica-se ao trabalho da estilista Ma Ke, responsável inicialmente pela grife Exception, que buscava impor um tipo de roupas fora da padronização chinesa.
Não sei se Exception se enquadra no conceito de prêt-à-porter. Mas o trabalho subseqüente da designer já é francamente de alta-costura. E não por acaso o cineasta acompanha o desfile de Ma Ke em Paris, no qual modelos são dispostos como em uma exposição. O efeito é assombroso, assim como a descrição de Ma Ke para seus trabalhos.
Não menos assombrosas são as imagens que acompanham o eixo principal do filme. Os artesãos da moda, os operários, de uma modéstia evidente.
O cinema de Jia se impõe ainda uma vez, neste documentário sobre moda, como um perplexo observador das transformações abissais por que passa a China. Da visão geral de uma grande cidade à observação das ruelas pobres, é essa capacidade de transformação contínua, mas em que os desequilíbrios são evidentes, o olhar é agudo. Da mesma forma, a capacidade de modernização e assimilação dos hábitos ocidentais (de que a moda é hoje um sinal evidente), bem como a capacidade de formular respostas originais e próprias não passam em branco ao olhar deste cineasta mais que preciso.


INÚTIL
Avaliação:
ótimo


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