São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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Tecnobrega ambiciona derrubar fronteiras

De olho no mercado nacional, Gaby Amarantos prepara CD que casa instrumentos "reais" e batida eletrônica

Disco terá composições assinadas por Thalma de Freitas e Iara Rennó; Fernanda Takai fará participação especial

Carlos Cecconello/Folhapress
Gaby Amarantos posa para foto no centro de São Paulo

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

"A voz da Gaby tem potencial para entrar na briga com qualquer Ivete Sangalo, com qualquer Claudia Leitte."
Quem chama para o ringue é Carlos Eduardo Miranda, produtor musical que lançou Skank, Raimundos, O Rappa e Cansei de Ser Sexy.
A tal Gaby que ele defende com tanta firmeza é a cantora paraense Gaby Amarantos.
Se o nome dela não soa muito familiar aos ouvidos do eixo Rio-São Paulo, é o mais repetido em seu Estado.
Gaby é a maior estrela do tecnobrega, gênero paraense surgido no começo dos anos 2000 que dá um tratamento eletrônico à música "brega" (pense em Reginaldo Rossi).
Ela construiu a carreira à frente da Tecno Show, uma das bandas mais importantes dessa cena. Os shows abusam da tecnologia cênica, com luzes e efeitos especiais.
"Todo mundo aplaude Lady Gaga. No Pará, tem gente descendo de disco voador há muito tempo", diz Gaby.
Como é regra no tecnobrega, a banda vivia sobretudo de versões em português para hits do pop internacional.
A mais famosa foi "Tô Solteira", versão para "Single Ladies", o que lhe rendeu o apelido de Beyoncé do Pará.
Mas nada desse espírito "cover" tem a ver com a Gaby que pode "brigar com Ivete". Com direção artística de Miranda, a cantora está à beira de lançar o primeiro álbum solo. E tudo está sendo feito para que ele extrapole fronteiras regionais.
A Folha teve acesso ao trabalho, que deve chegar às lojas apenas em 2012.
Ali, Gaby faz algo de natureza semelhante ao que Daniela Mercury empreendeu, há duas décadas, com a música de rua da Bahia. Decodificou um ritmo até então tido como "exótico" aos ouvidos do resto do país.
"A diferença é que o tecnobrega é [música da] periferia mesmo! Nem no Pará é bem-aceito", diz Luiz Félix Robatto, produtor musical do CD. "O axé era considerado música folclórica e, por isso, bem-aceita até pela elite."
Na fórmula da Gaby solo, a batida eletrônica do tecnobrega está intacta. Entram ritmos tradicionais paraenses, como a guitarrada, o carimbó e a lambada. E mais.
Ao DJ, figura central do tecnobrega, foram acrescentados músicos "reais": guitarrista, teclado, baixo, bateria, um trio de sopros.
O repertório escapa totalmente do passado de versões. Quatro faixas são da própria Gaby. Outras são de nomes como Zé Cafofinho e Alípio Martins, Thalma de Freitas e Iara Rennó. Fernanda Takai participa cantando.
O visual? A mesma exuberância cênica. "Eu não quero ser outra cantora de vestido vermelho e flor no cabelo", diz Gaby. "Quero cantar a minha verdade. E ela é assim."

Assista à reportagem
folha.com/no998301


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