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Crítica/Cartola
Elton Medeiros faz o melhor disco do centenário de Cartola
Parceiro do criador de "Alvorada" lançou CD com Márcia; tributo "Cartola para Todos" também tem bons momentos
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Ao se tornarem clássicos,
compositores passam a ser gravados por deuses e, sobretudo,
diabos. Quanto mais próximo o
intérprete for do universo do
autor, melhor ele tende a ser.
Daí que Elton Medeiros, parceiro e amigo de Cartola, é o
grande nome dos discos lançados para comemorar, neste
2008 que chega ao fim, o centenário do criador de "As Rosas
Não Falam". O CD que divide
com a cantora Márcia foi gravado ao vivo em 1998 e ressurge
agora ainda mais atemporal.
Com produção de J. C. Botezelli, o Pelão, responsável pelos
dois primeiros discos solo de
Cartola nos anos 70, e inspirados arranjos de Théo de Barros,
o CD se torna perfeito graças ao
conhecimento de causa de Medeiros. A leveza valseada em
"Divina Dama", os vibratos em
"Peito Vazio", a emissão desconsolada em "Acontece", a divisão cheia de quebras em
"Amor Proibido" são exemplos
de uma aula de cantar samba.
Já Márcia tem um estilo mais
empostado, de cantora da noite, traduzido muitas vezes como "de fossa". Em "Autonomia" e "O Mundo É um Moinho", cabe bem. A dupla termina em tom maior com "Alegria"
e "O Sol Nascerá" -a mais célebre parceria Cartola/Elton.
O tributo "Cartola Para Todos" é bem diferente: vários e
variados intérpretes dão suas
versões para os sambas do fundador da Mangueira.
A maioria opta corretamente
pela sobriedade, casos de Wanda Sá ("O Mundo É um Moinho"), Edson Montenegro
("Acontece"), Mona Gadelha
("Ciência e Arte") e Thobias da
Vai-Vai ("Festa da Vinda").
Dentre os que arriscam inovações, Enok Virgulino ("Ensaboa") e Lupa Mabuze ("Minha") se mostram criativos sem
trair o criador. Já Rica Caveman é excessivamente irônico
em "Alvorada", acentuando sotaques e efeitos, maltratando o
que não deve amar.
Coletâneas
As duas coletâneas montadas
para o centenário não trazem
novidades e se repetem: "Divina Dama" com Chico Buarque e
"Tempos Idos" com Paulinho
da Viola e Toquinho estão em
ambas. Mas, para quem quer
um apanhado, há belas gravações como "Basta de Clamares
Inocência" por Elis Regina
(Som Livre) e "Tive Sim", com
Cyro Monteiro (Sony&BMG).
Já comentados pela Folha,
também saíram neste ano, em
homenagem a Cartola, discos
de Cida Moreira e chorões reunidos por Henrique Cazes.
CARTOLA
Artistas: Elton Medeiros e Márcia
Gravadora: Sesc SP
Quanto: R$ 15, em média
Avaliação: ótimo
CARTOLA PARA TODOS
Artistas: vários
Gravadora: MCD
Quanto: R$ 28, em média
Avaliação: bom
CARTOLA - 100 ANOS/O AUTOR
E SEUS INTÉRPRETES
Artistas: vários
Gravadora: Sony&BMG
Quanto: R$ 35 (CD duplo), em média
Avaliação: bom
CARTOLA - BATE OUTRA VEZ
VOL. 2
Artistas: vários
Gravadora: Som Livre
Quanto: R$ 23, em média
Avaliação: bom
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