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Discografia de Pepeu Gomes volta combinando música e purpurina Álbuns do cantor misturavam virtuosismo instrumental e elementos visuais do pop mundial Artista afirma que suas referências estéticas eram o inglês David Bowie e o americano Michael Jackson MARCUS PRETODE SÃO PAULO Passados dez anos de vida hippie na comunidade dos Novos Baianos, banda que o lançou, Pepeu Gomes recebeu um cheque em branco da gravadora Warner. Podia preencher o valor que bem entendesse para deixar o barco e seguir em carreira solo. "Eles queriam um artista pop, que fosse bonito, bom guitarrista e compusesse bem para ser um homem de frente. Eu não aceitei", diz Pepeu. Mas topou outra proposta: fazer um álbum instrumental, acompanhado justamente dos irmãos Gomes, que eram a banda que acompanhava os Novos Baianos. Foi assim que estreou sozinho, em 1978. "Geração do Som" deve chegar às lojas até o Carnaval de 2012, dando seguimento à reedição de sua obra completa em CD. Nove títulos já foram relançados. Em 1979, com os Novos Baianos já agonizando, Pepeu decidiu aceitar o cheque. E, aos poucos, se tornar o "homem de frente" que a gravadora esperava dele. Começou timidamente com "Na Terra a Mais de Mil", disco em que se assumia cantor só pela metade. Na outra metade, reinava o guitarrista em faixas instrumentais. Até que começou a se apresentar em festivais de jazz no exterior. De cabelo na cintura. E saia. Roxa e de bolinhas. "Teve gente que perguntou: 'Qual é o nome dessa menina?'", lembra. "Eles me diziam que eu era o David Bowie brasileiro. Como amava o Bowie, achei que era um caminho. A partir disso, encontrei minha personalidade." Vestiu o personagem fisicamente: roupas de paetê, cabelos verdes, amarelos, maquiagem pesada, purpurina. Casado com Baby Consuelo, entrou de cabeça na loucura. "Fomos para Nova York e vi uma mulher com cabelo verde. Entrei no salão do jeito que eu estava e saí uma arara da Amazônia", diz. "Virei o Michael Jackson tupiniquim, mas com elegância." Sim, estávamos em 1982 e a gravadora queria produzir aqui uma versão de Michael. Pepeu conta que ia assim aos jogos no Maracanã. E que não enfrentava nenhum tipo de preconceito. Afirma que não havia, naquela atitude, nenhuma bandeira sexual. "Eu só queria um mundo mais alegre. O Brasil tinha problema sérios: quem jogasse um blush no rosto era viado. E minha proposta era outra: se o brilho está no mundo, vamos usar." O som de Pepeu, no entanto, não seguia a linha de Bowie nem a de Michael. Ele continuava a escola dos Novos Baianos, experimentando fusões de música brasileira com o tecnopop que reinava nas rádios então. E tocando guitarra cada vez melhor. Terminado o casamento com Baby, Pepeu quis se livrar de todo o passado. Em seu LP de 1988, começou a usar terno. David Bowie, sua referência, também acabara de adotar visual semelhante. "É o Pepeu que permanece", diz. "Passei por três overdoses, entre os 20 e 40 anos. Overdoses de vida e de drogas, todas as que você imaginar. Sou um sobrevivente. Hoje, sou um cara bacana." COLEÇÃO PEPEU GOMES LANÇAMENTO Warner QUANTO R$ 15, em média, cada CD Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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