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Exigências do autor fazem HQ premiada ser impressa na China

"Asterios Polyp" fala sobre arquiteto que resolve mudar de vida

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Em "Asterios Polyp", um amarelo alegre colore alguns dos quadrinhos, em especial aqueles em que o protagonista viaja para a cidadezinha americana mais distante a que o dinheiro puder levá-lo.

Quem também viajou foi a edição brasileira da HQ, impressa em gráfica chinesa, com papel japonês, e transportada até aqui de navio.

Entre outras razões, justamente por culpa do amarelo.

O quadrinista americano David Mazzucchelli fazia questão de que a cor estivesse com brilho, tom e textura corretos. Um dos artistas mais respeitados do meio, ele teve as exigências atendidas.

O livro foi lançado no Brasil após quase dois anos de negociação com o autor.

"É mais complicado do que lançar outros gibis", conta o editor André Conti, também colunista da Folha. "Fizemos dezenas de testes de cor, de papel, de capa, de tradução."

Mais trabalhoso até do que publicar outros artistas bastante exigentes, como Chris Ware ("Jimmy Corrigan") e Art Spiegelman ("Maus").

Conti aponta que esses três quadrinistas têm em comum, além do renome e dos prêmios, uma característica que explica os percalços durante as negociações com editoras.

"A natureza da obra deles pede um cuidado maior", diz. "É trabalhoso fazer um livro em que a cor é praticamente um personagem. O leitor não repara, mas isso tudo tem de ser calibrado manualmente."

"Asterios Polyp" é repleto desses detalhes trabalhosos. Mazzucchelli varia tintura e estilo de desenho, adequando-se ao conteúdo e à atmosfera dos quadrinhos traçados. Os diálogos também são escritos de olho na precisão.

MODIFICAÇÕES

A Companhia das Letras enviou uma versão digital do gibi ao autor, antes de imprimi-lo. Ele devolveu uma lista de modificações -incluindo ajustes na tradução, para manter os paralelismos planejados entre os diálogos.

Foi por pedido de Mazzucchelli que o livro foi impresso em papel 100% reciclado, diverso daquele utilizado pela editora em outras obras.

O protagonista que dá nome ao gibi é um renomado arquiteto que, aos 50 anos, embarca em um ônibus rumo a uma nova vida em uma cidadela distante nos EUA.

Ele consegue emprego em uma oficina mecânica e passa a morar com a família do chefe. A história é entrecortada com cenas do passado de Polyp, incluindo o casamento com a meiga Hana.

Mazzucchelli fez fama nos anos 80 ao desenhar o Demolidor, da editora Marvel. Em seguida, traçou o clássico "Batman: Ano Um".

Assim, o artista consagrou-se no gênero dos super-heróis, visto como "mais baixo".

Em seguida, lançou-se a projetos autorais em "graphic novels", dos quais "Asterios Polyp" é até aqui seu ápice.

O gibi recebeu dois dos prêmios mais importantes do gênero, o Eisner e o Harvey.

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