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Paul Motian deixa legado robusto no jazz Inovador e sutil, baterista norte-americano morreu na última terça, aos 80 anos, após seis décadas de carreira Músico, que lançou dois álbuns neste ano, foi parceiro de grandes nomes, como os pianistas Bill Evans e Keith Jarrett FABRICIO VIEIRACOLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O jazz amanheceu um pouco mais silencioso ontem. Morreu na terça-feira, aos 80 anos, o baterista americano Paul Motian, cuja pulsante carreira se estendeu por quase seis décadas. Ele estava internado no hospital Mount Sinai, em Nova York, devido a uma doença na medula óssea. Dono de toque inovador e sutil, o músico foi o preferido de muitos pianistas. E sempre será recordado por dois momentos em especial: o trio formado com Bill Evans (1929-1980) e o baixista Scott LaFaro (1936-1961) no final dos anos 50; e a colaboração de quase uma década com Keith Jarrett, iniciada em 68. Mas Motian foi muito mais do que um classudo acompanhante. Ele esteve no centro da revolução que tirou a bateria do papel de simples marcador rítmico -ao qual estava presa até meados de 1950. Sobre o surgimento da inovadora concepção rítmica que trouxe ao jazz, o músico disse à Folha, em 2003, quando tocou pela primeira e única vez no país: "Talvez tenha sido uma combinação do fato de eu ter trabalhado com músicos tão diferentes com o modo como a música se desenvolveu naquela época". Foi a partir dos anos 70 que Motian passou a liderar seus próprios grupos. Nesse percurso, destacam-se conjuntos que comandou na década de 1990, nos quais brilharam figuras do porte do saxofonista Joe Lovano e do guitarrista Bill Frisell. O músico lançou neste ano os belos álbuns "The Windmills of Your Mind" e "Live at Birdland", que atestam o quanto sua arte era robusta. Motian se junta agora a outros nomes fundamentais da bateria moderna que se foram nos últimos anos, como Elvins Jones (1927-2004) e Rashied Ali (1935-2009). Mais do que uma simples referência jazzística, Motian deixa um legado vivo, sob o qual pulsam as baquetas de jovens instrumentistas, como Paal Nilssen-Love e Dave King. Sem Motian, a pegada deles não seria a mesma. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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