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Editora José Olympio sobrevive enxuta e criativa aos 80 anos

Novo de Suassuna e coleção infantil estão nos planos para 2012

JOSÉLIA AGUIAR
COLUNISTA DA FOLHA

Quando o mercado de livros no país teve seu primeiro grande boom, na década de 1930, era José Olympio (1902-1990) o editor e livreiro que estava à frente.

Jotaó, como era chamado, não só publicava toda a geração de autores que surgia, principalmente os do chamado Romance de 30, como reunia a roda literária mais animada da época em sua loja na rua do Ouvidor, 110, no centro do Rio.

Entre frequentadores que trocavam risos ou safanões, havia gente como Graciliano Ramos, Marques Rebelo e Jorge Amado, e as discussões iam de literatura a política.

Aos 80 anos, que completa na terça, 29, a editora José Olympio não é mais da família de seu fundador: depois de um processo de declínio que se arrastou por anos, foi comprada pelo grupo Record em fins de 2001.

Sobrevive enxuta, fincada no território dos grandes clássicos, nacionais ou estrangeiros. Em seu catálogo, com cerca de 350 títulos, não há novos modismos: dois dos maiores best-sellers são "O Menino do Dedo Verde", do francês Maurice Druon, com mais de 2 milhões de exemplares, e "O Menino de Engenho", de José Lins do Rego, com mais de 1 milhão.

"Sempre brinco que a editora é uma espécie de Mangueira [escola de samba] do mercado editorial", diz a gerente editorial Maria Amélia Mello, na casa desde 1985.

"Com comissão de frente e tudo: Ariano [Suassuna] e [Ferreira] Gullar, os mais significativos escritores em atividade, um na prosa, outro na poesia. Fora a velha guarda: Rachel [de Queiroz], Zé Lins, Zé Cândido [de Carvalho]", acrescenta, com a intimidade de quem trata autores e herdeiros como se fossem da mesma família.

O carinho talvez seja a maior explicação para que, como diz, a casa nunca mais tenha perdido um contrato.

"Não tenho motivo para sair, só para ficar", diz Gullar. É sua a próxima obra a ganhar novo projeto gráfico a partir de 2012.

Reedições de John Fante, Raul Bopp e Gilberto Mendonça Telles, entre outros, estão também nos planos, assim como uma biografia de Jack Kerouac e uma nova coleção de livros infantis.

"E Ariano me prometeu no sábado, enquanto tomávamos um café, que vai entregar os originais de 'O Jumento Sedutor'", conta Maria Amélia.

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