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Crítica biografia Obra elucida polêmicas do empresário, mas falta um lado B DE SÃO PAULOA autobiografia é um gênero curioso. O autor coloca sua visão histórica dos fatos em uma inevitável jornada pessoal. Mas é preciso ser cuidadoso com a autorreferência. Boni não ultrapassa essa barreira, e a impressão é de que o livro ficaria muito mais rico se fosse confiado a um autor que investigasse o mundo a seu redor e o entrevistasse exaustivamente. Sobram homenagens a amigos e parceiros de trabalho. E é óbvio que Boni sabe muito mais do que torna público. Em suma, falta um lado B. Ainda assim, a obra tem méritos. Já nasce obrigatória para interessados em marketing, sobretudo pela descrição da montagem do modelo de negócios da Globo. E há vários conceitos sugeridos, como o de que a televisão constitui rigorosamente um veículo publicitário. Mas é na fogueira das vaidades que o livro diverte, como na menção às loucuras de Dercy ou à dificuldade em lidar com jabás de Chacrinha. Intrigantes são as passagens sobre a tentativa de fraudar o resultado de um Festival de Música da Globo ou a negociação com bicheiros das escolas de samba para criar uma liga que fizesse frente ao arqui-inimigo Leonel Brizola. De resto, elucida ponto nevrálgico sobre o envolvimento da emissora com os militares. A Globo teria negligenciado a cobertura das Diretas Já em 84 sob ameaça de perder a concessão, mas também sofrido com censuras inexplicáveis, como a imposta às minissaias das chacretes. E mostra a crítica de Boni ao processo de tomada de decisão da polêmica edição do debate entre Collor e Lula. O prefácio é do italiano Domenico De Masi, o papa do "ócio criativo" e seu amigo. E ele acerta ao dizer que não se trata apenas de um depoimento profissional, mas de um retrato da história do Brasil pós-industrialização e da consolidação da sociedade midiática por aqui. (MK) - O LIVRO DO BONI Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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