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Crítica Música Erudita

Osesp marca uma época com qualidade em ciclo de Mahler

Integral das nove sinfonias foi realizada ao longo de duas temporadas

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
Rodrigo Capote
O maestro brasileiro Isaac Karabtchevsky rege a “nona” de Mahler com a Osesp na Sala São Paulo em abril deste ano
O maestro brasileiro Isaac Karabtchevsky rege a “nona” de Mahler com a Osesp na Sala São Paulo em abril deste ano

HÁ PARÓDIA E DISTANCIAMENTO, QUE CONECTA [A OBRA DE MAHLER] COM CINEMA EXPRESSIONISTA E VANGUARDAS

Em mesa redonda na Folha com a regente Alondra de la Parra, o filósofo Jorge de Almeida argumentou que a obra de Mahler (1860-1911) pode ser vista simultaneamente como ponto derradeiro do romantismo e abertura da cena contemporânea.

Há a "nostalgia de Schubert" (1797-1828), mas há também paródia, distanciamento e um "grito sem esperança pela vida", que a conecta com cinema expressionista e vanguardas históricas.

Aproveitando a celebração dos 150 anos de nascimento (em 2010) e 100 anos de morte (neste ano), a Osesp apresentou, ao longo de duas temporadas, o ciclo das nove sinfonias do compositor.

O projeto marca época pela qualidade da realização, com uma cuidadosa escolha de maestros e solistas e sequência de obras favorável ao amadurecer da orquestra.

Quem não se lembra da bela leitura do inglês Justin Brown para a "Quarta", ou do "Andante" da "Sexta" com o dinamarquês Thomas Dausgaard? Ainda ecoa a voz da contralto Nathalie Stutzmann na "Terceira", regida por Giancarlo Guerrero.

Marin Alsop trouxe personalidade e um precioso delineamento sonoro para a "Sétima" (setembro de 2010) e a "Quinta" (junho passado).

Brasileiros ficaram com os extremos cronológicos: Roberto Minczuk apresentou a "Primeira", enquanto Isaac Karabtchevsky protagonizou um dos momentos mais tocantes da história recente da Osesp com versão da "Nona".

E, depois de trazer Gennady Rozhdestvensky, 80, para reger a "Oitava", o ciclo se fecha com a ousada escolha de Alondra de la Parra -nascida em 1980 - para a "Segunda", na semana passada.

A jovem mexicana, que se preparou durante dois anos, arriscou andamentos pausados, valorizou contrastes e extraiu "fortíssimos" que há muito não ouvíamos na Sala São Paulo. Diante de tantos rigores, havia algo emocionante na pura presença -corajosa e respeitosa- dela à frente da orquestra.

"Todos nós temos que morrer para viver", disse Parra na quarta na Folha. A frase ecoa o coro final, que traz um dissonante "si" sustentado sobre mi bemol. Errante e incerta, a arte de Mahler tem o seu próprio público, que inclui grande quantidade de jovens.

CICLO DE NOVE SINFONIAS- OSESP 2011

AVALIAÇÃO ótimo

SINFONIA Nº2 - OSESP COM ALONDRA DE LA PARRA

AVALIAÇÃO ótimo

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