Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Álvarez Bravo ganha sua maior exposição brasileira

Arte experimental do fotógrafo mexicano tem 250 obras no Rio

DE SÃO PAULO

Na "arte negra" de Manuel Álvarez Bravo (1902-2002), a fúria da vanguarda se mistura à vida real, de gente e coisas de um México agreste.

É fato que o maior fotógrafo mexicano moldou seu olhar e forjou um estilo a partir das fotografias do francês Eugène Atget (1857-1927) e de suas vitrines em Paris.

Transpondo um olhar aguçado para detalhes às formas mais cruas e abstratas da Cidade do México, Álvarez Bravo se firmou nos anos 30 e 40 como um artista experimental, atento às formas insuspeitadas da paisagem e responsável por trazer a linguagem moderna ao país.

"Ele tinha um olho privilegiado, via composições até nos fios elétricos contra o céu ou uma parede", lembra Aurelia Álvarez Urbajtel, filha do artista. "Era o dom de descobrir achados visuais."

Esses achados estão na maior mostra de Álvarez Bravo no Brasil: 250 obras no Instituto Moreira Salles do Rio. Entre elas, uma espécie de antiarquitetura do México, como muros, canos, ripas de madeira, frisos e ruínas que traduzem a decadência do subdesenvolvimento à forma pura, um ensaio de beleza feito só de migalhas urbanas.

Cartazes de rua, cavalos de carrossel cobertos por lona e olhos fantasmagóricos numa vitrine ganham ar macabro e têm ao mesmo tempo contornos hipervalorizados por um contraste atroz, de sol a pino.

"Há uma experimentação muito forte na fase inicial da carreira", diz Sérgio Burgi, curador da mostra. "Depois, surge uma vanguarda crítica, algo mais poético e engajado com a cultura mexicana."

No caso, são os mexicanos que entram em cena e dão rosto aos experimentos mais secos dos primeiros anos.

Quando conheceu o líder surrealista André Breton, Álvarez Bravo tentou inventar uma versão local para o movimento -enfaixou uma modelo que fotografou, seios e sexo expostos, dormindo sob o sol com plantas desérticas.

Deu rosto à era em que viveu fotografando contemporâneos, como Frida Kahlo, Diego Rivera e Rufino Tamayo, empenhados na invenção de uma estética entre a arte isolada e algo próximo do povo.

MANUEL ÁLVAREZ BRAVO

QUANDO de ter. a sex., 13h às 20h; sáb. e dom., 11h às 20h; até 26/2

ONDE Instituto Moreira Salles (r. Marquês de São Vicente, 476, Rio, tel. 0/xx/21 3284-7400)

QUANTO grátis

(SM)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.