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Teatro Bolshoi reabre com série de intrigas de bastidores

Casal de bailarinos pediu demissão na véspera do espetáculo de estreia

Fato de a 'prima ballerina' não ter sido apontada protagonista de 'A Bela Adormecida' pode ter motivado saída

MARINA DARMAROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MOSCOU

Fechado para reforma por mais de seis anos, o Teatro Bolshoi reabriu suas portas no dia 28 de outubro já envolto em polêmica.

Primeiro, os ensaios começaram com o teatro ainda em obras. "Eu saía do ensaio geral às 11h com o olho vermelho -mas de poeira. Foi muito difícil para a gente", contou à Folha a bailarina Mariana Gomes, primeira brasileira do teatro.

Segundo a crítica Ekaterina Beliaeva, não sobrou nada do teatro velho para contar a história. Os figurinos foram substituídos, e ninguém sabe se foi criado um museu para guardar o acervo.

Ainda de acordo com a análise publicada por Beliaeva no jornal local "The New Times", "Ruslan e Liudmila" teria substituído a tradicional "Uma Vida pelo Tsar" como ópera de abertura porque a primeira "não deixa transparecer relação entre a arte e o poder".

Mas a maior intriga veio com a primeiro programa de balé do teatro, apresentado no último final de semana.

Depois de ter 30% de sua coreografia alterada -e de contar com um figurino todo cravejado de cristais Swarovski desenhado pela italiana Franca Squarciapino- para ser a première da nova fase, o balé "A Bela Adormecida" motivou os pedidos de demissão da "prima ballerina" Natalia Ossipova e de seu noivo, Ivan Vassiliev.

"Eles disseram que o motivo da saída foi um desejo de ter mais liberdade artística. Traduzindo, isso significa uma coisa simples: para eles, não era conveniente o quadro do balé. A Natalia queria o papel de Aurora de 'A Bela Adormecida', mas o Yuri Grigorivitch, que montou o espetáculo, não lhe deu", disse a crítica de balé Anna Gordeeva.

"Eles entregaram a carta de demissão literalmente na véspera da première, e é claro que isso traz um certo nervosismo aos preparativos para o lançamento, porque não se esperava dos dois tal reação", completa.

PALCO DAS VAIDADES

O casal trocou o Bolshoi para assinar contrato com o pequeno Teatro Mikhailóvski. Lá, eles poderão escolher seus próprios papéis e enfrentarão menos impedimentos quando desejarem fazer trabalhos externos.

De acordo com Mariana, a competição no teatro é forte. "Balé, teatro, muitas mulheres no mesmo camarim, espelhos por todos os lados...", diz, rindo. "Tem que tomar muito cuidado. Eu tento não misturar a minha vida pessoal com a profissional", diz a brasileira.

Com a recente contratação de um segundo estrangeiro no corpo de balé do Bolshoi - David Hallberg-, as disputas e vaidades dos bailarinos tendem a se exacerbar ainda mais.

O norte-americano mal interpretou seu papel em "Gisele" e já se tornou príncipe em "A Bela Adormecida", enquanto bailarinos locais -que já enfrentam sua quinta ou sexta temporada, como Nikolai Tsikaridze ou Dmítri Gudanov- ainda não conquistaram esse destaque.

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