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Símbolos de consumo guiam obra de Tom Sachs

Americano está na mostra 'Em Nome dos Artistas', que termina amanhã

Escultor se divide entre crítica à falta de identidade de grandes marcas e consciência dos prazeres capitalistas

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

O escultor nova-iorquino Tom Sachs exibe na mostra "Em Nome dos Artistas", em cartaz até amanhã no prédio da Fundação Bienal, em São Paulo, trabalhos em que reinterpreta símbolos de consumo e fetiches modernos.

Estão lá o painel "London Calling", referência ao álbum da banda The Clash, com armas de fogo fabricadas por Sachs, e um quiosque do McDonald's capaz de preparar batatas fritas.

Sachs abriu seu estúdio à Folha antes de embarcar para o Brasil, onde participou de programação de debates paralela à exposição. Uma escultura instalada no QG dele tem um fogão acoplado que prepara arroz e feijão para os 15 artistas que trabalham com o escultor. Reproduz receita que eles dizem ser de Louis Armstrong, além de tocar canções do jazzista.

Antes de visitar o galpão, a reportagem posou para uma foto-crachá. E viu o vídeo "Dez Balas", em que Sachs defende regras como "mate a arte" e "a criatividade é inimiga".

"Há muitos artistas fazendo porcaria por aí. Estariam fazendo outra coisa se não estivessem sendo tão bem pagos. Por isso, digo 'mate a arte'. Quando ficam muito indulgentes, acreditam que tudo o que fazem é especial."

Sachs diz que, no início da carreira, queria fazer peças tão bem acabadas quanto os produtos da Apple."Não importava quanto eu tentasse, nunca poderia fazer algo tão perfeito. Percebi que eram os defeitos o que fazia as minhas coisas serem únicas."

Então, passou a deixar aparentes nas esculturas as marcas da construção: sobras de colas, madeiras não lixadas e junções."Barbra Streisand tem um grande nariz e ela é muito sexy porque não tenta escondê-lo", compara.

Sachs afirma que foi o desejo de posse que o fez incorporar a seu trabalho referências a grifes. Quando pequeno, ele pintava objetos para esconder detalhes originais; por cima, desenhava logotipos famosos. Adulto, fez sua própria série de quadros reproduzindo telas de Piet Mondrian (1872-1944).

Hoje, a produção dele inclui desde esculturas que propõem uma versão para o programa espacial americano até peças com referência à Chanel e ao Grande Selo dos EUA.

O artista explica que, ao mesmo tempo em que denuncia a falta de identidade dos produtos e dos consumidores, quer se mostrar consciente dos prazeres do consumo.

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