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Dez documentários nacionais estreiam em um mês em SP

Filmes brasileiros disputam salas e público em meio a lançamentos de blockbusters no final de ano

Equipamento barato aumenta produções; temas variam entre política, sequestros, música e biografias

GABRIELA LONGMAN
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO

Dez documentários brasileiros disputam um lugar ao sol entre as salas dominadas por "Amanhecer".

Em quatro semanas, de 18/11 a 9/12, os filmes nacionais superarão a média habitual de três por mês. Com isso, as estreias somarão 42 documentários entre 95 produções do país.

Em 2010, foram 50 documentários contra 26 ficções. "Vinicius" (2005), de Miguel Faria Jr., detém o recorde de público no gênero: 272 mil espectadores.

Neste ano, o futebol salva a pátria. "Bahêa, Minha Vida" estreou anteontem em São Paulo, mas já levou 75 mil pessoas às salas do Nordeste.

Apesar de serem muitos, os documentários ocupam poucas salas e canibalizam sua audiência ao ter de compartilhar os mesmos espaços.

"Domingos", de Maria Ribeiro, cumpre uma sessão diária. "Leite e Ferro", de Claudia Priscilla, e "Eu Eu Eu José Lewgoy", de Cláudio Kahns, dividem os horários.

Kahns defende que "não dá para ficar fugindo de blockbuster". "Estamos encurralados em nosso país."

José Joffily, de "Prova de Artista", crê que os documentários "estão amontoados porque a data é indesejada". "As férias são tradicionalmente uma época ruim."

Amir Labaki, diretor do festival É Tudo Verdade, vê como circunstancial a mínima distância entre essas estreias. "O final do ano é marcado pelos blockbusters que almejam ao Oscar. O documentário entra numa brecha", diz.

"A presença simultânea de documentários incentiva o público. O problema é que os filmes são mantidos em cartaz por períodos breves, impedindo o boca a boca."

O cineasta João Moreira Salles ("Entreatos", "Santiago") diz que "adoraria achar que podemos nos dar ao luxo de traçar grandes estratégias". "Mas, se já não é a coisa mais fácil do mundo levar o público para ver um documentário, que dirá vários."

A proliferação de produções é um produto do barateamento dos equipamentos de filmagem e edição.

"Qualquer um filma o tempo todo", diz a atriz e diretora estreante Maria Ribeiro. "A realidade é sedutora. Os reality shows comprovam isso."

Os temas dos filmes variam entre biografias, músicos iniciantes, presidiárias que amamentam, uma campanha para vereador, sequestros em São Paulo (veja ao lado).

Wolney Atalla levou quatro anos para finalizar "Sequestro". Estreou primeiro nos EUA para tentar o Oscar. "No Brasil tem muita burocracia. E os editais e fundos são cheios de regras."

O documentário vai dividir o público do dia 9 com "As Canções", do premiado veterano Eduardo Coutinho. "Tudo bem, cada filme tem sua competência. Abre o leque para as pessoas escolherem."

Marcelo Brennand optou por lançar seu retrato da campanha de 2008 num ano sem eleição. "Já esperei muito. Precisava tirar esse filho de mim." Seu "Porta a Porta" terá uma sessão diária.

"É pouco, mas quem não tem cão caça com gato. O cinema ainda serve de chancela para outras mídias."

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