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Meu smartphone, minha vida

Celulares com internet viram símbolo de liberdade entre os jovens; psicólogos alertam para o risco de dependência

RICARDO MIOTO
EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

Escolha rápido: ganhar um carro ou um smartphone?

A resposta pode revelar a sua idade. Uma nova pesquisa mostra que metade dos adolescentes dos EUA preferem o smartphone, contra 15% dos seus pais. Entre os teens que já têm um aparelho, quatro em cada cinco acham que o pior castigo é ficar longe dele.

A preocupação chegou à indústria automotiva. Em entrevista ao "The New York Times", uma executiva da Ford reclamou que "o carro costumava ser um símbolo de liberdade, de chegada à idade adulta. Isso é representado agora pelos smartphones".

Essa smartphonemania está chegando ao Brasil. Quase 30% dos internautas adolescentes do país já acessam a internet em um deles. Uma pesquisa recente do Instituto Ipsos Mediact mostrou que o Brasil tem 20 milhões de smart-phones e que metade desses aparelhos foram comprados há menos de seis meses.

Andar em um shopping de um bairro nobre de São Paulo é estar cercado de adolescentes acessando o Facebook e trocando mensagens via celular.

Os namorados Gabriel Pardon e Alessandra Werneck, de 16 anos, são um exemplo. Ao sentar para um lanche, deixam seus smartphones idênticos romanticamente lado a lado sobre a mesa.

"Sem ele, dá um desespero de não conseguir falar com ninguém", diz Gabriel. "Minha mãe odeia. Na hora do almoço, ela fica dizendo 'larga isso, pelo amor de Deus!'."

"A gente troca mensagens o dia inteiro", diz Alessandra. Gabriel completa: "Imagina se fosse como na época dos nossos pais e eu tivesse de ir até a casa dela toda vez que quisesse falar algo?"

Psicólogos alertam, porém: smartphones podem levar à dependência. "Acontece quando a pessoa deixa de sair com os amigos, de estudar, de conversar, para ficar mais tempo conectada", diz Dora Sampaio Góes, psicóloga do programa de dependência de internet do HC (Hospital das Clínicas), que já atendeu 200 pacientes ao longo de quatro anos. "Tenho pacientes que checam o celular até no meio da consulta."

Especialmente em risco estão pessoas com dificuldades sociais na vida real, que encontram na internet um refúgio.

Cristiano Nabuco de Abreu, também psicólogo do HC, está pessimista. "A ficha ainda não caiu sobre dependência de smartphones. E adolescentes são mais vulneráveis, pois ainda não amadureceram bem o controle sobre os impulsos."

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