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Mundo obscuro de Allan Poe é materializado no palco

No espetáculo multimídia "A Cripta de Poe", projeções de vídeo retratam o inconsciente perturbado dos personagens do escritor

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

"A Cripta de Poe" é um espetáculo multimídia que estreou na semana passada com o desafio de transpor para os palcos o universo do escritor Edgar Allan Poe (1809-49), um dos inventores da literatura fantástica moderna.

"A questão deste homem solitário que convive com seus fantasmas, própria de Poe, é muito contemporânea", diz o diretor Lenerson Polonini.

"A Cripta de Poe" é fruto de uma parceria entre a Cia. Nova de Teatro, que comemora uma década de existência em 2011, e a Cia. Teatro del Contagio, de Milão. Em 2012, a montagem será apresentada no Festival Teatro delle Grotte, na Itália.

De um lado do palco (dividido por uma tela escura, que funciona como um espelho), um homem faz movimentos de braços enquanto apresenta fragmentos de "O Espectro" e "O Retrato Oval", entre outras obras de Poe.

Para lá da tela, outro homem mimetiza os gestos do primeiro. Aos poucos, esse "duplo" deixa de existir como corpo real para se transformar numa projeção.

O vídeo a que se assiste a partir daí mistura fragmentos desse ser que se desmaterializou e imagens de seu inconsciente. Por ali, circulam mulheres que personificam os amores platônicos dos narradores de alguns contos do escritor americano, como "Berenice" e "Annabel Lee".

"A Cripta de Poe" recusa a lógica do teatro tradicional. Mais do que apresentar uma história, se propõe a instaurar atmosferas.

"Não se pode explicar Poe ao transpor sua obra aos palcos", afirma a atriz italiana Carmen Chimienti. "É preciso manter o estado de mistério. Deixar o mundo da razão para entrar no universo interior, de medos e incertezas."

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