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Crítica Animação

Produção pode até encantar as crianças, mas decepciona os pais

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Os últimos anos nos acostumaram a encontrar na chamada "diversão familiar" os filmes mais graves e, não raro, mais interessantes feitos por Hollywood.

Mais ou menos ao mesmo tempo, os progressos da computação gráfica proporcionaram uma espécie de ressurgimento da animação (o antigo desenho animado).

Tivemos assim fenômenos como "Up - Altas Aventuras" (2009), talvez o filme americano mais melancólico dos tempos recentes.

"Shrek" (2001) proporcionou uma versão contemporânea da história de "A Bela e a Fera". E não será "Procurando Nemo" (2003) quase um "Ladrões de Bicicleta" (1948), filme italiano, reciclado ao gosto infantil?

"Gato de Botas", o mais novo produto do gênero, poderá decepcionar os pais que partilham com seus pequenos, embora em níveis diferentes, os prazeres dessas aventuras.

Desta vez estamos nos limites do estritamente infantil: as aventuras de um gato criado num orfanato que, por artes de seu irmão de sangue, o ovo Humpty Dumpty, acaba se tornando um fora-da-lei, devidamente perseguido pelas autoridades.

Mas o gato é bom sujeito e buscará pagar sua dívida com o orfanato onde foi criado. Como? Envolvendo-se ainda uma vez com os planos mirabolantes de Humpty Dumpty, que supõem buscar, além das nuvens, os ovos de ouro postos por uma pata, usando para chegar lá os feijões mágicos de outra lenda, a de "João e o Pé de Feijão".

Na companhia do ovo trapalhão (e um tanto inescrupuloso), o Gato de Botas se envolverá numa relação de amor e ódio (ódio e concorrência que precedem o amor, claro) com a gata Kitty Pata-Mansa, ladra tão mais sensual quanto ágil e desafiante para o herói.

Para não ficarmos apenas na condensação de contos de fadas, o casal de vilões Jack e Jill nos levará um pouco ao mundo do faroeste, com suas corridas de diligência cortando o deserto ou avançando por picadas perigosas.

Se "Gato de Botas" requenta, em animação, emoções já muitas vezes frequentadas pelo espectador adulto (inclusive em "remakes" recentes mais ou menos lamentáveis), oferece às crianças (e mesmo aos adultos) as emoções ainda novas do 3D.

Às crianças, o "Gato de Botas" poderá até encantar. Já os pais não terão o mesmo prazer que algumas outras animações já lhes proporcionaram antes.

O novo filme tende mais ao infantil mesmo e ao adulto não cabe senão o papel de acompanhante zeloso das crianças. Mas, afinal, quem disse que a paternidade era moleza?

GATO DE BOTAS

DIREÇÃO Chris Miller
PRODUÇÃO EUA, 2011
ONDE nos cines Anália Franco, Espaço Unibanco Pompeia e circuito
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO regular

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