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Sobrinho quer criar centro cultural com espólio de Sergio Britto

Ator, morto no último sábado, aos 88, deixou anotações, imagens e documentos sobre teatro

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ator Sergio Britto, que morreu no último sábado aos 88 anos por complicações respiratórias, foi um meticuloso arquivista de sua própria memória. Fazia anotações de tudo. Sobre arte e, mais frequentemente, sobre teatro, o campo de expressão que o colocou entre os artistas mais importantes do país.

"Ele via uma peça, chegava em casa e escrevia", atesta o sobrinho do ator, Paulo Brito, um dos responsáveis pelo espólio. "Era muito disciplinado. Pedia inclusive para amigos fazerem comentários, criticarem espetáculos", completa o diretor Eduardo Tolentino, que o dirigiu em "Recordar É Viver" (2010).

Pois essas anotações permanecem guardadas, esperando. Assim como estão guardadas as coleções de vídeos e DVDs, os programas de espetáculos, os recortes de jornais e as fotos que podem vir a formar um dos mais interessantes acervos sobre a história do teatro brasileiro.

Segundo o sobrinho do ator, a ideia é organizar o legado de Britto em um centro cultural, ainda sem endereço determinado, provavelmente no Rio de Janeiro, sua cidade natal. O projeto ainda é embrionário e carece de um patrocínio. Também não há um levantamento exato dos itens que pertencem a essa coleção.

Paulo, que hoje tem 60 anos e é músico, por enquanto rejeita a ideia de levar a coleção ao Instituto Moreira Salles, que mantém acervos importantes, como o que foi deixado pelo ator Paulo Autran.

O sobrinho de Britto também quer publicar, em breve, um livro com uma longa entrevista realizada com seu tio nos últimos anos.

Com o título "Diálogos", o trabalho faz um apanhado de pensamentos do ator: relembra a passagem pelo Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo, passa pela formação do Teatro dos Sete ao lado de Fernanda Montenegro e aborda a parceria com Gerald Thomas, quando o encenador chegou ao Brasil.

O novo título complementaria a memória de Britto já publicada, a autobiografia "O Teatro e Eu", em que ele detalha episódios de sua carreira e de sua vida pessoal. Há, por exemplo, passagens da juventude, como uma tentativa de suicídio num quarto de hotel, que o sobrinho de Britto classifica como um evento já ligado ao teatro.

"Ele contava que voltou do hospital e decidiu ir ao restaurante do hotel mesmo com as ataduras nos punhos... Como se estivesse entrando em cena", conta Paulo. "Com isso, meu tio dizia que o ator é sobretudo um comunicador."

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