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Onda festiva seduz do pop a alternativos

Nomes fora do mainstream lançam álbuns natalinos e enfrentam crise no território que era de crooners e tenores

No Brasil, que não tem tradição de CDs de temporada, líder Simone encara em 2011 discos de Bieber e Bublé

DE SÃO PAULO

De modo geral, os artistas que mais fazem sucesso com músicas de Natal ou são tenores italianos, como Andrea Bocelli, ou "crooners", como Frank Sinatra e Tony Bennett.

Mas, com o mercado fonográfico em crise e a queda na venda de discos, até músicos de fora do mainstream vêm apostando na época festiva.

Entre os nomes alternativos, a dupla fofa She & Him - que tem a atriz Zooey Deschanel ("500 Dias Com Ela") nos vocais- esgotou em menos de um mês, segundo o selo Lab 344, um primeiro lote de mil cópias de seu "A Very She & Him Christmas".

Outro é Scott Weiland, da banda grunge Stone Temple Pilots, que deixou para lá os anos vivendo à sombra de seus vícios e encarnou o bom moço sorridente na capa do disco "The Most Wonderful Time of the Year", no qual canta músicas de Natal.

Estranho? Que nada. O álbum virou notícia em todos os jornais e revistas internacionais, e a empreitada ainda rendeu uma turnê pelos Estados Unidos -com todos os shows esgotados, é claro.

Não é para menos. O mercado natalino norte-americano é gigantesco. Texto da revista "Hollywood Reporter" do começo deste mês registrava que a audiência das rádios dos EUA duplica nesta época graças às músicas natalinas -algumas estações repetem a mesma música até seis vezes em um dia.

Aqui é difícil ouvir essas canções nas rádios (a não ser nas dos shoppings). Mas os discos de Natal vendem bem.

Segundo Rodrigo Ratto, diretor de vendas da Universal Music no país, os CDs que mais vendem no período são os que têm músicas natalinas tradicionais, mas de artistas internacionais, já que o mercado nacional oferece poucos lançamentos nesta categoria.

"O mercado brasileiro não aposta tanto quanto deveria em títulos sazonais, especialmente natalinos, por serem produtos considerados 'perecíveis'", explica Ratto. Segundo ele, as gravadoras temem que haja sobras de estoque, passado o período de festas.

"BOOM"

Apesar de os artistas internacionais dominarem esses lançamentos, Simone pode ficar tranquila. Seu "25 de Dezembro", lançado há 16 anos, é até hoje campeão de vendas, de acordo com o diretor.

A concorrência neste Natal, porém, veio forte, com dois fortes competidores.

O primeiro deles, "Under the Mistletoe", do astro teen Justin Bieber, já vendeu cerca de 80 mil cópias no Brasil e mais de 2 milhões no mundo -1 milhão a mais do que esperava seu empresário.

O outro é Michael Bublé. "Christmas" ultrapassou 4 milhões de vendas mundiais e, no Brasil, integra a lista dos dez discos mais vendidos na iTunes Store -e esses números continuam crescendo.

Para Nando Machado, diretor de marketing internacional da EMI, os discos de Natal têm outro significado nesta época: mais do que conter músicas natalinas, são edições especiais, "de luxo", para presentear.

É o caso da versão especial de "Nothing But the Beat", do DJ superstar David Guetta, que custa R$ 49,90, quase R$ 10 a mais do que a versão "normal". Em compensação, o freguês leva um "party mix" para ouvir durante a festa natalina e um encarte feito com papel "mais sofisticado".

Alguns artistas também apostam em discos natalinos como "mimos" para seus fãs.

A cantora Lady Gaga, por exemplo, aproveitou um especial de fim de ano que estrelou na televisão para gravar um EP ao vivo de quatro músicas ("A Very Gaga Holiday"), vendido com exclusividade no iTunes e que também figura na lista de mais procurados na loja virtual.

(CAROL NOGUEIRA)

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