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Opinião

Roberto Szidon deixa gravações referenciais de Villa-Lobos e Liszt

Morto de ataque cardíaco anteontem em Düsseldorf, pianista gaúcho deu o primeiro concerto aos nove anos

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Poucos pianistas brasileiros tiveram uma carreira fonográfica tão bem-sucedida quanto o gaúcho Roberto Szidon, morto anteontem em decorrência de um ataque cardíaco, aos 70 anos, na cidade alemã de Düsseldorf.

No tempo em que a indústria fonográfica era realmente relevante, nenhuma etiqueta tinha tanto prestígio no mundo erudito quanto o selo amarelo da Deutsche Grammophon.

Szidon gravou prolífica, embora não exclusivamente, para a firma alemã, e alguns de seus registros ainda hoje são referência.

Caso não apenas de autores brasileiros, como Villa-Lobos e Radamés Gnattali, mas também da integral das sonatas do russo Aleksandr Scriábin (1872-1915).

Ou do item que marca seu legado de forma decisiva: as 19 "Rapsódias Húngaras", de Franz Liszt (1811-1886), que nunca saíram de catálogo, relançadas em diversos formatos desde a aparição inicial, nos tempos do LP, em 1973.

Em Liszt, Szidon demonstra um pianismo expansivo, centrado no brilho sonoro e em proezas de elevado virtuosismo técnico. Não por acaso, sua gravação aparece sempre como uma das referências de excelência da obra, ao lado da do mítico György Cziffra (1921-1994).

ACOMPANHADOR

Para conhecer uma outra faceta, vale visitar seu talento de pianista acompanhador, em uma gravação amadurecida do ciclo de canções "Dichterliebe", de Schumann, com o barítono Thomas Quasthoff, para o selo RCA Victor.

Nascido em Porto Alegre, Szidon deu o primeiro concerto aos nove anos de idade, aprimorando-se em Nova York, na década de 1960, com a húngara Ilona Kabos (1893-1973) e o refinadíssimo pianista chileno Claudio Arrau (1903-1991), fixando-se na Alemanha em 1967.

Rompendo com a convenção de tocar tudo de cor estabelecida por Liszt no século 19, Szidon costumava se apresentar com uma partitura à sua frente, lendo até mesmo os itens de bis.

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