Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Mostra relembra 50 anos sem Marilyn

Exposição em março na Cinemateca Brasileira homenageia atriz com retratos célebres e festival de seus filmes

Retratos da atriz feitos por Cartier-Bresson e Cecil Beaton e nu publicado na 'Playboy' integram a seleção

Divulgação
Marilyn Monroe em retrato de Henri Cartier-Bresson no set de 'Os Desajustados
Marilyn Monroe em retrato de Henri Cartier-Bresson no set de 'Os Desajustados'

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Marilyn Monroe foi fotografada chorando depois do fim de seu casamento de nove meses com o jogador de beisebol Joe DiMaggio. É um dos poucos retratos que desviam da ideia de glamour plasmada por sua cabeleira platinada e poses sensuais.

Mesmo estando longe do set naquele dia de outubro de 1954, Monroe encarnava um personagem diante das câmeras, consciente da forma que devia tomar sua crise conjugal então tornada pública.

Em março do ano que vem, a Cinemateca Brasileira relembra os 50 anos da morte da atriz, vítima de uma overdose de barbitúricos em 1962, quando tinha 36 anos, com uma mostra de filmes e fotografias que tentam dar conta do lado trágico de sua vida.

"Hollywood causou uma transformação no corpo e na imagem dela", diz Alexander Sairally, curador da exposição. "Ela mudou o nome, o nariz, a cor do cabelo, virou uma pessoa artificial, e essa foi a verdadeira tragédia."

De ruiva a loira, de Norma Jeane, seu nome real, para Marilyn Monroe, a atriz virou um ícone de sedução e beleza eterna, retratada pelos maiores nomes da fotografia do século 20 no auge da vida.

Henri Cartier-Bresson retrata uma Marilyn melancólica no set de "Os Desajustados", Cecil Beaton fez a imagem de que ela mais gostava de si mesma, deitada na cama segurando uma rosa.

Mas tudo começou quando posou para um calendário, nua contra um fundo de veludo vermelho, ainda ruiva e antes de virar Marilyn.

Essas imagens de Tom Kelley, que estão na mostra, foram vendidas e publicadas na primeira edição da "Playboy", em 1953 -Monroe, ainda não muito famosa, recebeu só US$ 50 pelo trabalho.

Bem assessorada por agentes de Hollywood, a atriz começou sua transformação radical logo depois dessa série.

A metamorfose completa se veria em "Os Homens Preferem as Loiras" e "Como Agarrar um Milionário", filmes em que imortalizou a imagem de mulher fatal, poderosa -e loiríssima.

ÍCONE

Mas isso teve seu custo. Poucos anos depois, atormentada por ter se distanciado de sua identidade real, ela se mudou para Nova York para dar outro rumo à carreira.

Foi então que Cecil Beaton, fotógrafo da "Vogue" britânica e um dos maiores nomes da história da moda, retratou a atriz em poses icônicas.

"Ela sabia que papel interpretar no mundo, sabia que era mesmo um ícone", diz o curador. "É uma fachada, uma máscara, quase não há imagens da Marilyn real."

Talvez as que mais tenham se aproximado da realidade, as fotografias que Bert Stern fez dela nua num hotel não agradaram à diva e também não estão na exposição.

Mas um ensaio de 1954, de Douglas Kirkland para a revista "Life", que estará na Cinemateca, tem espírito semelhante ao das fotos de Stern.

Monroe e o fotógrafo se trancaram num estúdio e passaram uma noite inteira fazendo as imagens dela na cama, nua e envolta em lençóis.

"Essa sessão foi das seis da tarde até as oito da manhã do dia seguinte", conta Sairally. "Kirkland, ainda vivo, nunca disse nada a ninguém sobre os detalhes daquela noite."

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.