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Televisão Telefilme de Jorge Furtado foge dos bons exemplos Com Rodrigo Santoro no papel principal, longa se inspira em casos reais Produção inédita feita para a Globo conta história de espião que vive nas frestas da lei ao fazer seus serviços
DE SÃO PAULO Iniciação da Globo no formato telefilme, "Homens de Bem" é como uma prova de ética em que todos os alunos recebem nota vermelha. Ao longo de uma hora e 20 minutos, o diretor Jorge Furtado ("Saneamento Básico") pôs em marcha um desfile de personagens "com caráter muitíssimo duvidoso". É advogado tentando corromper deputado federal, policial que usa araponga para alavancar investigação... Uma história que equipara a corrupção à caipirinha, outro patrimônio nacional: sobe à cabeça rapidinho, mas sempre há quem peça mais. Rodrigo Santoro volta à TV nesse especial de fim de ano. Ele é o espião Ciba, que vive nas frestas da lei -costuma prestar servicinhos "extraoficiais" para a Polícia Federal. MOCINHO? Segundo o ator, "um herói que não é mocinho", disposto a fazer "o que for preciso para colocar os maus na cadeia". E quem decide quem são os homens maus é ele. Ciba é chamado por um delegado para armar um flagrante que pode levar à cadeia César (Guilherme Weber). Esse empresário quer subornar um deputado federal, e o espião é implantado pela PF para entregar a mala de dinheiro. Duas bolas encaçapadas numa só tacada. Ou não. A confusão começa com a aparição de outra equipe policial, na cola do mesmo deputado. Disputas internas da PF, grampos e uso de arapongas? Sim, você já viu esse filme antes -e fora das telas. Basta lembrar do caso que envolveu o hoje deputado Protógenes Queiroz, acusado de espionar autoridades ilegalmente quando era delegado. Furtado ressalta o letreiro no começo da atração: "Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência". Mas reconhece que a vida real é um self-service de histórias semelhantes. Lembra da queda de Fernando Collor, dos "mil grampos" relacionados à privatização na era FHC e dos mensalões -do PT ao DEM. "Toda hora aparecem escândalos revelados por pessoas de dentro [da máquina pública] ou pela imprensa. E todas as histórias têm algo em comum: os arapongas." ANTI-HERÓI Para Furtado, o público não rejeita Ciba, um sujeito "meio amoral e apolítico". O personagem de Santoro corresponderia a uma categoria vitoriosa na dramaturgia moderna. "Herói bonzinho não convence muito mais", diz o diretor. Nesse sentido, Ciba frequenta o mesmo clube de "bad boys" que o publicitário Don Draper ("Mad Men"), o mafioso Tony Soprano e o serial killer Dexter. "Todos são, de alguma maneira, anti-heróis. E você acaba torcendo por eles." - Homens de Bem Exibição do telefilme Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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