Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Nova montagem mescla teatro e cinema

Diretores de 'Eu te Amo' ressaltam semelhanças entre meios, que já estavam presentes na obra original, de 1981

"Relações entre a ficção e a realidade estão imbuídas no espírito de hoje", afirma diretora Rosane Svartman

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A nova montagem de "Eu te Amo" é oriunda do desejo da atriz Juliana Martins, idealizadora do projeto, de interpretar uma personagem feminina de impacto.

Ela ressalta o jogo de metalinguagem da peça, que tece conexões temáticas e estéticas entre teatro e cinema.

"No texto original de Jabor, havia várias televisões na parede. Agora temos lindas projeções no cenário, como uma praia ou uma gota caindo", relata Juliana.

O personagem de Alexandre Borges também traz esta referência. O empresário falido Paulo, interpretado no filme por Paulo César Peréio, dá lugar a um cineasta que não conseguiu concluir sua película após ser abandonado pela mulher.

Para completar este amálgama, a peça é dirigida por Lírio Ferreira e Rosane Svartman, cineastas estreantes na direção teatral.

"Como Jabor nos autorizou a mexer no texto, focamos bastante na identificação da personalidade dos personagens", afirma Svartman. "Paulo traz consigo um pouco do próprio Jabor, pois decidimos adaptá-lo à contemporaneidade e ao universo do cinema."

"Para o cenário, trocamos o apartamento do filme por um estúdio em que o personagem trabalha e mora", conta Ferreira. "O Jabor já prenuncia esse diálogo com o cinema na primeira montagem da peça, quando o personagem cita 'Pickpocket' [feito pelo francês Robert Bresson] como seu filme favorito", diz.

"Vejo a peça como um grande plano-sequência aberto. Transpomos para o palco um pouco da nossa experiência com cinema também", completa ele.

"Decidimos que o pensamento do Paulo, revelado nas projeções, espelharia seu filme inconcluso. De acordo com sua personalidade, ficou claro que a obra seria basicamente feita de cenas na praia e realizado em preto e branco", explica Svartman.

SOLITÁRIOS

"No fundo, temos personagens solitários que inventam que são outras pessoas. Estas relações entre a ficção e a realidade estão imbuídas no espírito de hoje", completa.

Alexandre Borges confessa sua admiração pelo trabalho de Jabor. Quando soube da saída de André Gonçalves, entrou em contato com Juliana Martins expressando seu desejo de interpretar o papel.

"O que mais me fascina é esse jogo de sedução do texto, que funciona como se fosse uma dança de acasalamento. No início, os personagens não querem envolvimento emocional, apenas sexual. Depois de transarem, começa a pintar uma paixão."

Svartman comenta sobre as diferenças entre a apreensão de uma estreia teatral e a de uma cinematográfica.

"No cinema, as expectativas estão voltadas para a projeção e para a qualidade do som. No teatro, temos tudo isso, além das variáveis incontroláveis, pois um ator pode engasgar, tropeçar etc."

"Quando trabalhamos em um filme, repetimos a cena várias vezes e, quando fica pronto, temos uma obra cristalizada. Em uma peça, depende sempre de como os atores estão naquele dia", complementa Ferreira.

(MARCIO AQUILES)

EU TE AMO
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 20h e 22h, e dom., às 20h
ONDE Teatro Folha (av. Higienópolis, 618, tel. 0/xx/11/3823-2323)
QUANTO de R$ 50 a R$ 70
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.