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Crítica documentário

Produção familiar não perdoa problemas de Ozzy Osbourne

Filme financiado pela mulher do cantor escancara sua decadência mental

André Vicente - 3.abr.2011/Folhapress
Ozzy Osbourne canta na arena Anhembi, em São Paulo, na turnê "Scream"
Ozzy Osbourne canta na arena Anhembi, em São Paulo, na turnê "Scream"

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

Quando todos acham que Ozzy Osbourne já expôs completamente o ridículo de sua condição de astro de rock sexagenário com neurônios danificados pelas drogas, ele ainda consegue surpreender.

"Deus abençoe Ozzy Osbourne" é a tradução do título do documentário. Deve ter abençoado mesmo. É incrível como enfrenta a longa estrada roqueira, os excessos químicos e a fúria comercial de sua mulher e empresária.

Sharon Osbourne é a produtora. Impossível dizer que tenha realizado o filme para homenagear o maridão. As imagens são cruéis com Ozzy.

Mostram problemas de audição, passos claudicantes e tremedeira nas mãos.

As filmagens seguem a última turnê, "Scream", ao lado de depoimentos de parentes e amigos do cantor. Essas declarações contam a vida de Ozzy, da infância meio bandida aos reality shows na TV.

A empreitada tinha tudo para ser um produto caça-níqueis. Depois da engraçadíssima autobiografia "Eu Sou Ozzy", inesperado best-seller mundial, não há segredos sobrando em sua trajetória.

Mas aí entra em cena uma figura única, que vale o filme. Ozzy se equilibra entre pulos desembestados no palco e declarações sussurrantes e lúcidas na solidão do camarim.

Depois de protagonizar cenas dignas dos Três Patetas -ele se atrapalha com as tarefas mais banais do cotidiano-, Ozzy se mostra sereno diante da vida que leva.

Entende, resignado, o circo midiático em torno dele. "Sou feliz porque ainda subo no palco e ainda encontro gente que quer me ver ali."

Há duas sequências bem marcantes. A primeira é a festa-surpresa para seus 60 anos, na qual estão seus colegas de Black Sabbath e parentes, todos grisalhos, gordos e saudáveis. Ozzy circula entusiasmado, feito criança.

Na segunda, um lado melancólico. Após um show no Chile, Ozzy liga para Sharon. Outra pessoa atende, ele fica decepcionado. Pede então que ela receba o recado: "Foi um show monumental".

São imagens tristes. Mais tristes ainda porque muitas vezes é perceptível que Ozzy não tem a menor ideia do que está fazendo ali.

GOD BLESS OZZY OSBOURNE

PRODUÇÃO EUA, 2011
DISTRIBUIÇÃO Eagle Vision/ST2
QUANTO R$ 40, em média
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO bom

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