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Noemi Jaffe destrincha cotidiano em livro Linguagem, pequenos fatos e memórias são temas de 'Quando Nada Está Acontecendo' MARCIO AQUILESCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA O novo livro da escritora e crítica literária Noemi Jaffe, "Quando Nada Está Acontecendo", traz uma coletânea de 72 textos publicados em seu blog nadaestaacontecendo.blogspot.com. A obra é composta por pequenos textos com estrutura de diário. "A seleção do que entrou no livro foi feita por um processo de afinidade, de química com o que eu havia escrito. Basicamente são três tipos de texto: sobre a linguagem, pequenos acontecimentos e algumas memórias", afirma a autora. Em relação ao primeiro gênero, a formação de crítica literária da escritora salta aos olhos do leitor. A escritora lida ali com uma espécie de metapoesia, servindo-se de nomenclatura e conceitos normativos da língua portuguesa. O que chama a atenção é a maneira como Jaffe consegue utilizar isso de maneira clara ao leitor leigo, sem nenhum tipo de hermetismo obstruindo suas doces histórias. "Prezo por um texto que consiga ser complexo e simples ao mesmo tempo", diz. Em "Trema", por exemplo, vemos a anedota de grupos do sinal ortográfico reunidos em uma caverna, após terem desaparecido por causa do novo acordo ortográfico. O escrito ainda faz um vaticínio: eles apareceriam de surpresa nos textos de algumas pessoas. No fragmento "Angústia", a ortografia da palavra é dissecada por meio de um jogo linguístico que cria significações a partir de sua fonética e de sua semântica. "No meu dia a dia, eu praticamente vejo as palavras. Estou preocupada com a sonoridade e a visualidade delas", conta. Processo semelhante é adotado em "Machado", no qual elucubra sobre o som da palavra em inglês ("ax"). DIA A DIA Em relação aos textos pautados em acontecimentos cotidianos e memórias pessoais, a simplicidade dá o tom, como em "Bacalhau", "Mortadela" ou "Ovo", que versam sobre os alimentos que os nomeiam. Mas a autora destaca a composição balanceada da obra: "Tudo o que eu não queria era que o livro fosse algo engraçadinho, então eu fiz um contrapeso de textos leves com a melancolia". Sobre o gênero literário do livro, a autora afirma considerar os fragmentos como "crônicas poéticas". A obra também é composta apenas pelas letras minúsculas. "A maiúscula dá uma formalidade que eu queria evitar, por isso a escolha por minúsculas, dos títulos substantivos e dos números por extenso", explica. O livro é ilustrado por Vivian Altman e a orelha é assinada pelo poeta e colunista da Folha Fabrício Corsaletti. "Os textos se prestavam a serem ilustrados. Vivian Altman realizou uma experimentação entre fotografia e desenho. Eles adquiriram um significado próprio, uma linguagem paralela", diz Jaffe. - Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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