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The Rapture toca em SP após crise que forçou saída de cantor

Luke Jenner conta que se afastou por não suportar pressão de gravadora para venda de discos

"Você acha que quer vender muitos discos, mas, quando isso acontece, vira uma obrigação", diz músico

CAROL NOGUEIRA
DE SÃO PAULO

Fazer sucesso e vender muitos discos é a aspiração número um de dez entre dez bandas ou artistas novatos. Mas Luke Jenner, 36, vocalista do The Rapture, não recomenda. "Isso não traz felicidade", garante.

O músico toca com a banda em São Paulo no próximo dia 25, na décima edição do Popload Gig, no Cine Joia. Ele afirma quase ter deixado o grupo após assinar com uma grande gravadora (Universal) e se sentir sufocado por pressões "internas e externas".

Não é exagero. O Rapture figura entre uma das bandas mais importantes dos anos 2000. Ao lado do LCD Soundsystem e da gravadora DFA, ajudou a moldar o gênero dance punk, que transformou a cena noturna caída de Nova York nos anos pós-Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York de 1994 a 2001.

"Rudy" foi o responsável por diminuir as altíssimas taxas criminais da cidade norte-americana, com medidas que incluíam proibições para casas noturnas e bares.

Finda sua época de "revolucionário", Jenner jogou tudo para o alto em 2008.

Após a morte de sua mãe (ela se suicidou) e o nascimento de seu primeiro filho, o músico anunciou sua saída da banda pela qual dá o sangue há quase 15 anos.

'ESTA É A SUA BANDA'

"Estar em uma gravadora grande é complicado demais. Você acha que quer ser famoso e vender muitos discos, mas, quando isso acontece, vira uma obrigação. Não é a vida que quero para mim. Eu só quero fazer música e, se isso significar que poucas pessoas vão ouvir, então tudo bem", avalia Jenner.

Ele conta que quem o fez mudar de ideia foi justamente James Murphy, líder do LCD Soundsystem (que, ironicamente, acabou no ano passado). Em uma conversa de bar, Murphy lhe disse, entre outras coisas: "Esta é a sua banda. Você não pode deixar sua própria banda."

Após o retorno do vocalista, o grupo teve mais um contratempo: Mattie Safer, baixista, anunciou que estava saindo para se dedicar a outros projetos.

"Nós não temos nos falado muito desde então, mas foi tudo muito amigável. Era o melhor a ser feito para todos nós", diz Jenner.

"In the Grace of Your Love", primeiro álbum do Rapture desde 2006, só veio no ano passado, mas falhou em matar a sede dos fãs.

Irregular, o disco tem músicas que passam longe da força das faixas do disco "Echoes" (2003).

No lugar, opta por canções mais introspectivas. Há poucos momentos dançantes -um deles, "How Deep Is Your Love?", virou hit instantâneo nas pistas.

DIFICULDADES

Jenner diz que o momento difícil pelo qual passou influenciou na composição.

"Gosto de cantar sobre o que estou sentindo. Cresci numa casa em que ninguém falava o que estava sentindo e nunca ganhei muito amor do meu pai", conta.

"Acho que, se não fossem a música e o beisebol, que me mostraram o sentido de 'comunidade', eu não estaria vivo", completa.

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