Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

"Queremos ganhar dinheiro com disco", diz dupla Black Keys

"Colocar álbum para streaming só desvaloriza a música", afirma o vocalista e guitarrista Dan Auerbach

Atração principal do festival Coachella em abril, nos EUA, grupo garante que virá ao Brasil ainda neste ano

CAROL NOGUEIRA
DE SÃO PAULO

Em 2010, a MTV trocou as bolas ao entregar um troféu ao clipe de "Tighten Up", do Black Keys. A semelhança entre os nomes fez a emissora cravar, erroneamente, que a autoria da música era do gigante pop Black Eyed Peas.

Na época, o baterista Patrick Carney disse à revista "Rolling Stone" que sonhava com o dia em que o canal faria o inverso. Loucura?

A julgar pelos fatos recentes, não. A dupla de blues rock de Ohio, que já tem dez anos de carreira e é a principal atração de um dos dias do festival Coachella deste ano, ainda pode ter sua vingança.

Há dois anos, o duo vem trocando o underground por vitrines "mainstream", como a trilha de "Crepúsculo".

O vocalista Dan Auerbach diz que o sucesso não veio da noite para o dia. "Tivemos tempo para nos acostumar. Você sabe o que é vender quatro milhões de discos? Acho que vamos bem", diz.

Ele está sendo modesto. A banda já ganhou três prêmios Grammy, cobra cachê mais alto do que bandas do mesmo porte e, em março, começa uma turnê por estádios e arenas nos EUA.

A situação confortável permite certos luxos, como não precisar disponibilizar o novo disco, "El Camino", para streaming, recurso muito usado por bandas hoje.

"Estes sites não pagam as bandas. Quando abrimos mão do streaming, nossas músicas tocam mais no rádio e fazemos shows maiores. É bem óbvio", analisa o meticuloso Auerbach.

Tudo faz parte, então, de uma estratégia? "Nada disso. Nós só queremos ganhar dinheiro. Você trabalha de graça? Então, por que daríamos nosso disco de graça? Isso só desvaloriza a música."

"A internet e os downloads ilegais mudaram completamente a indústria. Você não consegue mais ganhar a vida vendendo discos", diz.

"Hoje, você tem de fazer muitos shows, e eu detesto ir para a estrada", desabafa. "Eu prefiro gravar, porque é mais criativo. Não gosto de ficar longe de casa."

Nerd declarado, Auerbach é também comprador compulsivo de discos. O último foi uma coletânea de música vietnamita dos anos 60 e 70.

"EL CAMINO"

Lançado em dezembro, "El Camino" aparece nas listas de melhores do ano das revistas "Time" e "Rolling Stone".

"Não há nenhuma modinha. Tentamos escrever boas músicas e manter a instrumentação simples", diz.

Nos EUA, a turnê do disco terá os ingleses do Arctic Monkeys como banda de abertura, algo que soaria improvável há alguns anos.

"Soaria? Não sei. Tenho dúvidas se eles ainda são maiores do que nós", ironiza, acrescentando que deve vir ao Brasil em 2012 e que só não foi escalado para a edição brasileira do Lollapalooza por incompatibilidade de agenda.

Se tudo continuar indo bem para o Black Keys, um dia o sonho louco de Carney ainda pode se realizar.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.