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Reduto da literatura portuguesa no Rio, livraria Camões fecha no final do mês

Rafael Andrade/Folhapress
Interior da livraria Camões, aberta em 1972, no centro do Rio, e mantida por editora lusa
Interior da livraria Camões, aberta em 1972, no centro do Rio, e mantida por editora lusa

ROSANGELA HONOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O comunicado chegou como uma sentença de morte. A livraria Camões, no Rio, especializada em literatura portuguesa, fechará no próximo dia 31 por determinação da editora que a mantém.

No informe, a editora portuguesa INCM afirma que a situação financeira da Camões está "irremediavelmente comprometida". Entre salários, impostos e condomínio, gasta R$ 50 mil por mês.

"A livraria é o meu mundo. Estou atônito", lamenta o português José Estrela, 76, gerente da Camões desde sua abertura, em 1972.

A notícia mobilizou os intelectuais. "Portugal enfrenta uma fase difícil na economia, mas que isso não seja motivo para se calar uma voz tão ressonante da cultura. Cultura gera economia", protesta o filólogo Evanildo Bechara.

"É uma falta de visão entregar um espaço simbólico de Portugal no Brasil", diz a professora e vice-presidente do Real Gabinete Português de Leitura, Gilda Santos.

Em seus áureos tempos, na década de 1980, a livraria chegou a oferecer títulos de 114 editoras portuguesas num total de até 100 mil exemplares. Atualmente, só 12 mil estão disponíveis.

Embaixador do Brasil em Portugal entre 1986 e 1990 e membro da Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva lamenta a decisão. "É uma perda para nós. Querem retirar do Rio de Janeiro o único espaço onde havia a presença permanente do livro português."

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